Nazismo à gaúcha
Existe uma "etiqueta" informal no que concerne os debates sobre qualquer assunto. Todo aquele que já entrou na arena de discussão da internet, por exemplo, a conhece bem. São regras simples: quem apela para xingamentos, perdeu, quem se limita a corrigir a gramática alheia, perdeu, quem tenta estabelecer silogismos toscos, perdeu.
Outra regra, menos conhecida mas igualmente válida, reza que quem apela para "nazismo" ou "fascismo" para qualificar o outro, mostra uma pobreza de argumentação que beira o patético. Nazismo é coisa séria. Nazismo é crime, e é muito bom que seja. Embora uns e outros tentem menosprezar o horror que o nazismo criou no mundo durante mais de uma década, ele jamais pode ser esquecido ou relegado a uma adjetivação vulgar. Já nos basta a vergonha que passamos por termos um Ministério da Relações Exteriores que se alinha ao que existe de mais chulo no planeta, e que acaba de fazer alusão ao Dia do Holocausto sem sequer mencionar os judeus. Que recusa um embaixador israelense por não concordar com a postura dele sobre um assunto geopolítico, mas não tem os mesmo zelo com diplomatas de países que tem como objetivo declarado a extinção do Estado de Israel, e/ou que suprimem toda e qualquer liberdade democrática.
Assim, eu sempre vejo uma acusação de "nazismo" com repúdio, principalmente quando ela vem desacompanhada de argumentos válidos.
Li hoje que Tarso Genro, ex-governador petista do Rio Grande do Sul, foi ao Twitter afirmar que a imprensa livre, que ele chama de "cartel" (o que já é um absurdo completo) pratica "nazismo" no seu tratamento ao ex-presidente Lula. Citou a Veja, o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e O Globo. Segundo ele, essas publicações perseguem o ex-presidente, não por eventuais crimes que cometeu, mas porque simboliza um cantinho para os "de baixo na democracia".
Que o Sr. Tarso Genro tenha lá seu conceito muito particular sobre o papel da imprensa numa democracia, vá lá. Para petistas, imprensa boa é aquela que é a favor. A outra, aquela que não se submete aos encantos da proximidade com o Poder, essa não presta. Tudo bem.
Mas tentar traçar um paralelo da atuação de órgãos da imprensa com o nazismo, chega a ser asqueroso. O ex-governador, além de relativizar o caráter hediondo do nazismo, tenta colar na imprensa não-cooptada um rótulo que, na hipótese de ser usado (o que desaprovo), serve melhor para qualificar as ações do PT e do governo comandado pelo partido. Ao rotular a imprensa como "nazista", Genro a criminaliza. E, por conseguinte, prega a sua extinção ou censura - porque quem comete crime tem que ser impedido, certo? É mais um arroubo liberticida dessa gente que não suporta a controvérsia, se ofende com fatos, acha que não cabe à imprensa investigar nada e, caso descubra, que se cale. O PT é pródigo na tentativa de calar a imprensa que não lhe presta vassalagem. Já tentaram muitas vezes, e seguem tentando. Não conseguem impor abominações como "Lei de Meios" e outras formas de censura, porque não tem cacife político para tanto. Senão, já teriam feito.
Senhor Tarso Genro, os nazistas não gostavam da imprensa livre, o senhor sabia? Uma revista como a Veja não ficaria 24 horas funcionando em Berlim de 1938, antes de ser empastelada pelos agentes da Shutzstaffel, a famigerada SS. Seus editores e redatores seriam fuzilados, por fazerem crítica. E Hitler ou Goebbels certamente diriam que eles foram mortos porque perseguiam o Grande Líder, "não pelos crimes que cometeu", mas porque ele "simboliza um cantinho para os de baixo na democracia". Sim, senhor Genro, a proposta do Führer era essa; "salvar os pobres da Alemanha da sanha dos judeus". Era empulhação, como se viu. Da mesma forma que a empulhação que vemos agora. "Cantinho aos "de baixo"? Me poupe, senhor Tarso Genro.
Pode ser que o ex-governador pense mesmo que jornais como Estadão, Folha, O Globo e revistas como a Veja odeiem, por alguma razão estranha, os "de baixo", e façam de tudo para impedir-lhes "um lugar na democracia". Eu sinceramente duvido que ele acredite nisso. Mas a frase soa como música aos ouvidos dos boçais que preferem não ver a roubalheira escancarada que o PT instalou nesse país. Eu e milhões de outras pessoas pensamos diferente. A nosso ver, a imprensa "persegue" Lula e seus sequazes, porque ALGUÉM precisa ter a coragem de fazer isso, já que a Justiça desse país parece que se acovardou diante do "Grande Líder". E porque estamos cansados, fartos, exaustos, de tanta roubalheira, tanto abuso, tanta impunidade. E isso nada tem a ver com nazismo - muito pelo contrário.
(na foto, uma cena da Reichskristallnacht, a "Noite do Cristais" de 1938)
2 comentários:
PERFEITO. É SEMPRE A MESMA LENGA-LENGA DE SEMPRE. UM DEFENDE O OUTRO PORQUE TÊM TODOS OS RABOS ENGANCHADOS EM ALGUMA COISA. E NÃO É ESSE SENHOR, O TARSO, QUE DEIXOU O RIO GRANDE DO SUL ARRUINADO? INTERESSANTE.
Comentário pútrido vindo de um guasca que já foi Ministro de Justiça deste país. Que junto com "cumpanheiros" de partido que também governaram o RGS, estado próspero e um dos mais ricos da União, o levaram á falência por excesso de roubos e má administração. Fizeram do porto de Rio Grande a maior entrada e saída de tudo que é ilícito neste país. E fizeram deste lindo estado, moradia de bandidos trazidos de todas as partes do mundo.
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