terça-feira, 31 de outubro de 2017

O imbróglio Sérgio Cabral

O ex-governador Sérgio Cabral quebrou o estado do Rio de Janeiro. Tanto pela corrupção, pelo desprezo às normas mais comezinhas de boa gestão e sobriedade no trato da coisa pública, como pela associação ao que existe de pior na política nacional. Hoje os petralhas querem distância de Cabral. Mas felizmente as imagens e vídeos permanecem na internet, para lembrar aos fluminenses quem eram os parceirinhos queridos do ex-governador até há bem pouco tempo. Quem há de esquecer os abraços, afagos e beijos trocados entre Cabral e Dilma, com Lula fechando o trio? Basta entrar no YouTube e pesquisar. Está tudo lá. Quem há de esquecer as lambanças do então governador na festinha do lenço da cabeça em Paris? Dos passeios aéreos da cachorrinha da família a bordo dos helicópteros do governo?

Sergio Cabral foi eleito e reeleito pela ampla maioria da população do Estado do RJ. Prova que cariocas e fluminenses possuem uma notável habilidade em  escolher porcaria para governá-los. Não salva um sequer, desde a década de 50. O resultado é o que se vê no Rio todo dia.

Isso posto, Sérgio Cabral merece todo o rigor da Justiça. Que seja condenado, cumpra pena e devolva ao erário o que roubou. Ponto.

Mas, porém, contudo.... A decisão do juíz Marcelo Bretas é totalmente absurda. E ilegal. E demagógica. Enviar um preso que não apresenta qualquer periculosidade para um presídio federal no Mato Grosso, porque "se sentiu ameaçado" por ele num depoimento, é um despropósito. Basta ouvir o depoimento! Cabral estava, sim, indignado com as condenações recebidas. É um direito do réu! Ao falar das jóias da mulher, mencionou o fato - amplamente conhecido - de que a família do Bretas atua nessa área, com o intuito de esclarecer a opção de investimento em jóias. O juiz não "gostou" e resolveu revidar, usando a força do Estado. E nivelou Cabral a gente como Beira-Mar e Marcola, numa prisão de segurança máxima nos confins do Brasil.

Isso não é Justiça. É "vendetta".

O STF julga hoje um habeas-corpus de Cabral contra a decisão. O relator é Gilmar Mendes. Creio que Mendes seguirá sua linha garantista e dará o HC. Não para libertar Cabral mas para impedir essa transferência sem sentido para Mato Grosso do Sul.

Sei que alguns aqui, os linchadores de sempre, dirão: "Ah, mas ele merece!" Pode ser que sim, pode ser que não. Mas essa decisão não pode ser tomada como retaliação de um juiz "ofendido". Há regras para seguir. Que sejam seguidas. Só isso.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017



A Separação dos Poderes

No dia 17 de maio o Senado rejeitou que um Senador fosse cassado, ainda que de forma velada, pelo Supremo Tribunal Federal.
Os buliçosos de sempre se agitaram. Afinal, há hoje uma espécie de "aliança" entre a esquerda representada pelo PT e seus satélites, e amplos setores da "direita" que resolveram que "nenhum político presta" e que o poder legislativo tem mesmo é que acabar. A esquerda, que muitos chamam de burra mas que de burra não tem nada, viu na rejeição a todos os políticos expressada pela direita, a chance de se reerguer do esgoto a que foi relegada após mensalão, petrolão e eleições de 2016. Afinal, se "todos" são podres, fiquemos com Lula que, afinal, ganhou apenas um sitio, um triplex e alguns milhões. Na igualdade da esculhambação, os néscios deitam e rolam. Assim, temos hoje gigantes morais como Gleisi Hoffmann, Lindberg Farias e até Lula, incorporando o espírito virtuoso da "decência na política". 

Já vimos esse filme. Na campanha de Lula em 2002, o PT usou um video com ratos retratando o governo FHC. 

O que veio a seguir, nos 13 anos de governo petista, mostrou que os ratos eram outros. Mas hoje, montados no lombo da direita idiotizada pela "repulsa a todos os políticos", eis que PT e seus áulicos erguem-se das catacumbas e falam em "honestidade" como se dela fossem donos. Um mérito a esquerda possui, admita-se: ela marcha unida. Se for preciso mudar de opinião, mude. Se for preciso mentir, minta. Mas enquanto a direita se esfacela entre tontos que pedem "intervenção militar constitucional" (como se existisse isso!) e outros que exigem a abolição da própria política, a esquerda se aglutina, fortalece e vende novamente ao povo (sempre disponível a essas empulhações) o peixe podre da "volta dos bons tempos do Lula". Estão aí as pesquisas pra não me deixar mentir: Lula disparado na frente, o PT volta a ser o partido mais "querido" e outras coisas que agridem a inteligência mais elementar. Pasmem: o governo Temer é considerado "pior" do que o da Dilma. Dilma arrebentou o país. Temer vem tirando o Brasil da vala. E é "pior"? Por que isso? Eu conto pra vocês: porque a Globo assim decidiu. E o brasileiro obedece às ordens subliminares da Globo, desde o governo militar. A Globo decidiu tirar o Temer. E colocar no seu lugar alguém mais "palatável" aos interesses do grupo. Um Rodrigo Maia, tão ligado ao grupo, talvez.

Então ocorre o seguinte: a Globo manipula a massa ignara que vibra com suas novelas gramscianas, e aqueles que se acham acima dessas coisas, como boa parte das pessoas que lêem jornais e acessam as redes sociais, encarregam-se do resto. De que jeito? Vestindo os trajes de verdugos de "todos os políticos". Gritando "Fora Temer" nas redes. Pedindo "intervenção militar já!". E, naturalmente, endeusado todo aquele que "fale mal" dos políticos, ainda que tenha, na calada da noite, sonhos eleitoreiros. A direita quer sangue. Pouco importa se atropelam-se direitos duramente conquistados, nesse "furor cívico". Na dúvida, cortem-lhes as cabecas!

Acuse. Prende. Tira direitos políticos e de cidadania. Se depois, o acusado conseguir provar que é inocente (não era para ser o contrário?), ele que se vire para recuperar a honra e a dignidade. Se o horror da injustiça lhe for pesado demais, sempre sobra a opção do suicídio, como no caso do reitor da UFSC. Qualquer delação é válida, nesse furor justiceiro. De bandidos confessos, de mentirosos compulsivos, de escroques a serviço de interesses escusos, tudo. A santa Inquisição está de volta. Queimem todos! E o povo aplaude as fogueiras, sem se dar conta que, amanhã, seu vizinho pode cobiçar sua posição, seus pertences e até sua vida, e delatá-lo também. E aquela fogueira pode, sim, começar a arder até para aquele que antes a aplaudia. Quando a JUSTIÇA vira justiçamento, tudo pode acontecer. Deveríamos ter aprendido com o Terror da Revolução Francesa, mas a memória é curta.

E o Aécio, onde entra nisso tudo?

Veremos a seguir.