sexta-feira, 30 de novembro de 2012

PERDEU!!!

"Negue. Negue sempre. Morra negando"
Nelson Rodrigues

Deu no Estadão de hoje:


A ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha divulgou nota à imprensa nesta quinta-feira em que nega as acusações feitas contra ela pela Polícia Federal. "Enquanto trabalhei para o PT ou para a Presidência da República, nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula em função do cargo que desempenhavam", afirma.
Rosemary foi exonerada do cargo após a Operação Porto Seguro, da PF, mostrar que ela fazia parte de uma quadrilha que praticava tráfico de influência e corrupção em, pelo menos, sete órgãos federais. O cargo que Rosemary ocupava foi extinto pela presidente Dilma Rousseff. 
Segundo interceptações telefônicas, Rose operava valendo-se de sua influência no governo federal, atuado em conjunto com os irmãos Paulo Vieira, diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Vieira, direto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ambos estão presos e foram afastados dos cargos. 
A investigação da PF aponta que Rosemary facilitava o encontro de autoridades com membros da quadrilha. No período que trabalho para o governo, ela empregou a filha Mirelle na Anac e, com a ajuda de Paulo, conseguiu um diploma falso para que o ex-marido, José Claudio Noronha, fosse indicado a um cargo em uma seguradora do Banco do Brasil.  
(Com Estadão Conteúdo)
Mas o que que é isso, companheira? Como é que é? 
Lendo bem o texto e a afirmação da agora ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, percebe-se uma pequena sutileza, um engana-trouxa que jaz ali, uma pequena válvula de escape para a acusação de mentirosa descarada que certamente lhe farão: a palavra "que". Sim, uma palavrinha pode fazer toda a diferença, não? Ela nega que tenha cometido alguma ilegalidade, imoralidade ou irregularidade (ufa, será que fez algo engordante?), ou nega que tenha feito isso PARA beneficiar José Dirceu ou Lula? Olhando pela interpretação do Estadão, ela nega qualquer desvio de conduta, e ponto. Afinal de contas, ela "nega as acusações da Polícia Federal". Como a PF nunca acusou a moçoila de "beneficiar José Dirceu ou Lula" (essa história surgiu depois, nas afirmações do delator do esquema), é de se concluir que ela nega toda e qualquer irregularidade. Não é um espanto? As conversas por e-mail, apreendidas pela Polícia Federal, seriam então o que? Uma brincadeira? 
O que será que passa na cachola dessa gente? Será que eles acham que ALGUÉM, qualquer um, com mais de um único neurônio solitário nos miolos vai ACREDITAR nisso? 
O petismo faria bem em incorporar ao seu estatuto as célebres palavras de Nelson Rodrigues, no seu conselho aos adúlteros: "Negue... negue sempre... morra negando". Mesmo em face de uma inexplicável marca de batom no colarinho (ou na cueca, para usar um artigo tão mais em voga no petismo atual), o adúltero nega. Inventa as mais tresloucadas sandices, é capaz de falar de abdução por alienígenas, se faz de vítima das circunstâncias, chora e, sobretudo, nega. Nega com convicção, como é de praxe aos bons mentirosos.  O que tem acontecido após a dosimetria das penas impostas pelo STF aos mensaleiros é bem assim.
João Paulo Cunha contesta as penas aplicadas pelo STF, diz que é "injustiça" e que vai recorrer. Recorrer a quem, cara-pálida? A Deus Todo-Poderoso? A Belzebu? Não existe instância judicial no Brasil com alçada superior à do STF. E como não foi instituído (ainda, ufa!) o "governo mundial", apelar para algum Tribunal internacional tem o peso exato da bazófia: zero. "Ah, mas tem os tais embargos infringentes!". Sei. O que o cidadão, réu condenado, que já deveria ser EX-deputado (pela letra da Lei) e EX-petista (pelo estatuto do Partido) quer mesmo, é um "novo" julgamento, já sem o rigor de um Cezar Peluzo e Ayres Britto, talvez com o voto "toffoliano" de algum neo-indicado por Dilma, que lhe seja mais compreensivo. O STF já se manifestou a respeito, e os tais "embargos infringentes" não devem passar de mera chicana, para procrastinar a mudança de domicílio de João Paulo Cunha (e seus colegas) para a penitenciária, que é seu lugar.
Nada disso me espanta. É, como se diz, o "jus esperneandi". Numa imagem que me vem à cabeça, recordo da cena que vi na TV esses dias, de um marginal sendo preso pela PM de São Paulo, e colocado no camburão. Ele vai fácil, numa docilidade total. Sabe que "perdeu", e não vai se arriscar a levar umas "bifas" do sargento que lhe deu voz de prisão. O sargento, vejam só, ainda lhe põe a mão na cabeça, para evitar que o meliante se machuque ao entrar na "caçapa" do camburão. Numa cena hipotética, um petista apanhado em flagrante delito faria o inverso: se agarraria desesperadamente na lataria do carro da PM, abriria o berreiro, chamaria Deus, o diabo, o Paulo Henrique Amorim e metade da imprensa a soldo do lulopetismo, para tentar se safar das grades. Seria um escândalo - como está sendo o escândalo dos inconformados com as sentenças proferidas pelo Supremo Tribunal brasileiro, uma Corte na qual mais de metade dos membros foram colocados no cargo por obra e graça do partido que lhe dá guarida! 
O que me espanta é a naturalidade com que alguém apanhado "com a boca na botija", como a tal "Mamys" vem e tenta, a exemplo de seus ex-chefes, vender à opinião pública uma lorota que não convenceria sequer a falecida Velhinha de Taubaté. Como diria uma amiga minha: "Tua cara não queima não, Rosemary?" (pode-se substituir "Rosemary" por qualquer um dos condenados no processo do Mensalão. Pelo que vi, a única que teve um pingo de caráter foi a diretora do banco Rural, Kátia Rabello, que tratou logo de se preparar para a estadia que fará na cadeia).
Está certo, acusados de crimes tendem a negar seus feitos. Como se diz, na cadeia está cheio de gente inocente. Mas... poxa! Que um trombadinha diga que "não foi bem assim", vá lá... ele não tem a inteligência suficiente para saber que suas imprecações não lhe trarão benefício algum. Mas gente que se diz educada, culta... chega a ser patético! Assumam seus erros, seus pulhas! Tenham a consciência de saber que "a casa caiu" e busquem atenuantes dentro da realidade, não no mundo da fantasia!
Rosemary, José Dirceu, Delúbio, João Paulo Cunha e outros, adotam a postura que antes de mais nada, é tremendamente cínica: "Não fui eu, eu não fiz nada, eu não sabia de nada..."  É possível que façam isso orientados por seus advogados milionários (aliás, estou curioso para saber quem será o advogado de Rosemary, e quem lhe pagará os honorários. E, a propósito, ONDE terá sido redigida a nota que ela divulgou à imprensa? Na casa dela, ou no Instituto Lula?), é possível que seja uma estratégia de defesa válida. Tudo bem. Mas que é imoral, ah, isso é.
Sinceramente? Caso fosse eu o apanhado num escândalo desses (pouco provável, admito!), eu não teria a cara-de-pau de dizer que "não fiz nada". Meu rosto arderia, eu ficaria vermelho feito pimentão, a mentira se estamparia na testa. Eu teria vergonha. É como ser apanhado pela Polícia Rodoviária fazendo uma barbeiragem (já fiz, confesso). Ficar ali argumentando com o agente da Lei, apanhado em flagrante delito, vai adiantar o que? Melhor assumir o erro e receber a multa... "e que te sirva de lição" (já ouvi essa...).
A polícia brasileira, quando pega um meliante em flagrante, não segue seus colegas de filmes americanos. Lá, gritam "POLICE!" e todo mundo congela. Aqui, a palavra de ordem é "PERDEU!!!!". É o mesmo termo usado pelos bandidos, quando assaltam um transeunte. Carrega um significado completo, resume uma frase inteira, Miranda rights, explicações legais, tudo, numa única palavra forte, que paralisa e submete.
Pois então....

PERDEU, Rosemary!
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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Debaixo desse angu....



"tem carne", professa o ditado mineiro. Corre a lenda que a expressão surgiu com o almoço servido por fazendeiros aos peões da fazenda. Como o almoço era servido lá no campo, ia uma carroça com fogão, e esquentava as marmitas preparadas na véspera. Acontece que para a peãozada em geral, pouca ou nenhuma carne acompanhava a marmita. Já para o capataz, a carne estava sempre presente. Na hora de esquentar as marmitas, o fato de uma conter carne e as outras não, era motivo de insatisfação e até roubo da marmita "premiada". Para evitar isso, na hora do preparo, a cozinheira escondia a carne do capataz, por baixo de uma generosa porção de angu (polenta, em outras plagas). Assim, à primeira vista, a marmita do chefe era igual às outras. Mas ali debaixo tinha carne...

Evidente que não estou aqui falando de culinária, muito menos da sociologia trabalhista do Brasil rural. A expressão ganhou o mundo com outro significado. Na acepção popular, quando se diz que "debaixo desse angu tem carne", significa que há mais, naquele assunto, do que parece. "More than meets the eye", diriam, em inglês. 

O que me leva, face os acontecimentos dos últimos dias, à questão da ex-chefe do Escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha (para os íntimos, apenas "Rose" ou, ainda, "Mamys"). À primeira vista, apenas um caso corriqueiro de tráfico de influência para faturar uns trocados, cruzeiros com duplas sertanejas de gosto duvidoso, uma cirurgia plástica ou outra. Nada com teor explosivo que possa abalar o happy-hour nos points brasilienses, que dirá os alicerces da República petista. Ou não?

Olhando o angu a uma certa distância, é isso mesmo. A moça tinha lá sua influência, e a usou para obter pareceres técnicos nas searas da Agência Nacional de Águas e Agência Nacional de Aviação Civil, entre outras, e negociar esses pareceres com interessados. Fez do escritório da Presidência em São Paulo uma espécie de quitanda para oferecer seus préstimos. Já vimos algo parecido em passado recente, não? E se nada aconteceu com a Erenice Guerra, que, pelo visto, fez um angu bem mais encorpado, por que haveria de ter carne logo no angu da "Mamys"?

Mas.... olhando melhor, quer me parecer que há uma protuberância no angu, que pode indicar a presença de algo que não seja simplesmente fubá cozido. Examinemos melhor o prato.

A Rosemary de Noronha não só obteve seus pareceres técnicos, como também indicou os dois irmão que comandariam ANA e ANAC. Indicou e emplacou no cargo. Alto lá! Eu já vi deputado indicando apadrinhado. Já vi senador fazendo o mesmo. Na república petista, o aparelhamento do Estado é a norma geral, portanto há muito cargo para preencher - e muita gente para indicar. Mas Secretária indicando chefe de Agência Reguladora? Ai ai ai.... começa a exalar um aroma desse angu, e certamente não haverá de ser caldo Knorr.

A Rosemary de Noronha trabalhou por anos a fio com  ninguém menos do que José Dirceu. Sabem, o Zé Dirceu? Aquele? É... ele mesmo. Tanto que quando avisada que a Polícia Federal faria uma busca e apreensão no escritório, para quem ela ligou, em busca de socorro? Ele mesmo. Dado o prontuário do ex-deputado (cassado), ex-Chefe da Casa Civil (demitido) e ex-réu primário (agora condenado e aguardando a hora de arrumar a mudança para o xilindró), eu diria que qualquer um que gozasse da confiança dele já seria, por si só, um angu abarrotado de carne.

A Rosemary de Noronha fez um monte de viagens internacionais acompanhando Lula, mundo afora. Foram, se não erro na conta, 24 países visitados. Em boa parte dessas viagens, ela sequer constava na lista de passageiros. Segundo consta das investigações da Polícia Federal, ela aproveitava a proximidade aeronáutica com o Presidente, para lhe sugerir coisas, como, por exemplo, arrumar uma boquinha para sua filha na ANAC, remunerada a R$ 8 mil e pouco por mês, livre das complicações como concurso público. Agora... estou aqui fundindo a cuca para tentar descobrir o que, exatamente, a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo fazia, de oficial, nessas viagens mundo afora. Seria um enfeite (ela até que é bonitinha, não é?). Qual a função dela na comitiva? Os vapores da carne debaixo do angu começam a fazer salivar os apreciadores do prato.

A Rosemary de Noronha, entre março e outubro de 2011, trocou nada menos que 122 (cento e vinte e dois) telefonemas com o cidadão comum Luiz Inácio Lula da Silva, até o fim do ano anterior conhecido por "PR", ou melhor, Presidente da República. Em 2011, ele já não era presidente de coisa alguma. E seu escritório em São Paulo, ao que consta, não era o mesmo da "Mamys". Fazendo as contas, considerando apenas os dias úteis, são mais de CINCO ligações por dia. CINCO! Agora tem o seguinte: eu sou filho único (meu irmão faleceu tragicamente em 1984). Minha mãe é idosa, e está numa fase de grande preocupação comigo, algo que é motivo de uma doce implicância entre nós. Ela me rastreia Brasil afora, e me liga constantemente, até por motivos triviais. Mas mãe é mãe, como se diz. Nem ela, no seu afã de supermãe, me liga CINCO vezes por dia, todo santo dia. O que resta para falar, depois da terceira, quarta ligação? A campanha do Corínthians? Ah, me poupe, vai! Tirando uma improvável relação que extrapole a amizade e dever profissional, simplesmente não há nada que leve duas pessoas a trocarem 122 telefonemas em período tão curto. Principalmente se não existe mais qualquer conexão de chefia entre os dois. Nessa, a Polícia Federal enfiou o garfo no angu, e espetou um naco de carne de bom tamanho. Será que gravaram as conversas? Ora, se gravações ditas sigilosas entre Carlinhos Cachoeira e seus pares chegaram à mídia antes mesmo de chegar ao Ministério Público, é de imaginar que as 122 conversas irão desembocar, cedo ou tarde, nos jornais. Vai ser uma delícia acompanhar.

E por fim, para mostrar que esse prato de angu está mesmo REPLETO de carne, filé, paio, linguiça e torresmo, a tropa de choque da bancada governista no Senado Federal rejeitou, nessa terça-feira, o pedido do Senador Álvaro Dias (PSDB), para que a Rosemary de Noronha fosse ouvida pelo Senado. Montou-se a blindagem de praxe, alegando-se a "inutilidade" da convocação da moça. Esse fato deve ser visto em conjunto com as declarações dela de ontem, nas quais afirmou que "não cairá sozinha". Dona de um temperamento explosivo, a "Mamys" talvez virasse o prato inteiro na cabeça de petistas, revelando a verdadeira festa de Babette que estava debaixo daquele angu. Os parlamentares do PT trataram de botar a tampa na panela, e com isso querem nos convencer que ali, só tem mesmo um angu dos mais chinfrins.

Eu tenho minhas dúvidas.  E você?


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lula é o Tufão da política?



Há pouco mais de sete anos, um vídeo que mostrava o então diretor dos Correios, indicado por um partido aliado do governo de Lula, recebendo maços de dinheiro vivo, provocou uma reação em cadeia que levaria ao maior escândalo na história da República brasileira, o suborno sistemático de congressistas de outros partidos (e até do próprio PT, quem conhece como funciona a colcha de retalhos ideológica do petismo sabe que ali os interesses pessoais tendem a sobrepujar os partidários) para que seguissem, feitos títeres, os mandamentos emanados do Planalto, nas votações da Câmara dos Deputados. O que se buscava com isso era um golpe contra a democracia, a traição da vontade popular, sob o eufemismo de "governabilidade". Certamente não terá sido a primeira vez que políticos trocam votos por favores pessoais nessa República, mas foi a primeira vez em que isso foi adotado como uma ferramenta contumaz de governo. E, pior, o petismo, àquela altura endividado com os gastos abusivos da campanha eleitoral de 2002, não tinha de onde tirar os recursos para pagar a propina. Como sói acontecer nesses casos, voltaram os olhos cobiçosos para o dinheiro público, o qual foi dilapidado sem cerimônia, para pagar os caraminguás que davam de presente para deputados, e que ganhou o nome de Mensalão. 

O esquema ia bem, até que o vídeo mostrado na TV levou ao escândalo, potencializado pela decisão de um dos beneficiados, o ex-deputado Roberto Jefferson, de não ir a pique sozinho. Ele botou a boca no trombone, e com isso deixou um rastro de evidências e denúncias que, por pouco, não levaram ao impeachment do então Presidente. Só não deu em processo de cassação, por covardia da oposição, temerosa da reação popular diante de uma governo recém-empossado, e que prometia mudar o país, principalmente na questão da pobreza. Em nome de um "respeito" indevido, Lula foi poupado.

Antes disso, porém, o Presidente, já com medo de se ver envolvido no escândalo (que viria a ser mais um dentre muitos de seu governo), inaugurou sua estratégia que se tornaria um favorito nas hostes do petismo: "Eu não sabia de nada". Era uma afirmação difícil de ser levada a sério, pois ele havia sido o principal beneficiado do esquema criminoso e, nas palavras de seu "Primeiro-Ministro" ad hoc, José Dirceu, "nada se fazia no PT sem o conhecimento e aval de Lula". Lula escancarou: foi à TV, e num pronunciamento que hoje é antológico, pediu desculpas à nação pelo mau comportamento de seus correlegionários. Se disse traído, chamou os fatos de "inaceitáveis" e pediu desculpas.  Passados sete anos, há quem duvide disso. Pois o vídeo está aqui, para refrescar a memória:


Já em 2011, com a progressão do caso do Mensalão de um simples escândalo (ora, foram tantos...) para um processo judicial no Supremo Tribunal Federal, com perspectivas concretas de acabar não em pizza, mas em cadeia, principalmente para a cúpula petista comandada por José Dirceu, Lula resolveu mudar o discurso. Esqueceu seu pedido de desculpas, e passou a acusar os acusadores. Surgiu uma versão alucinada de que o Mensalão teria sido uma "farsa", montada pela oposição e pela "mídia golpista" (da qual o mais odiado participante é a Editora Abril e sua revista semanal, a Veja), com o apoio logístico e operacional de um contraventor goiano, o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Não se falou mais naquela confissão e pedido de desculpas de 2005. Era como se Lula agora se confessasse "traído" pelas informações errôneas que teria recebido, dando conta das estrepolias de seus colegas do PT, e agora afirmava que era tudo invenção, uma farsa. Quer dizer, o cidadão primeiro se diz traído, depois muda e se diz traído, não pela "esposa", mas pelo "Ricardão"....  Como se viu depois, pelo resultado do julgamento da AP 470, o Mensalão, essa história de "farsa" não passou mesmo de uma ... farsa! Lula talvez devesse ter voltado à sua versão de 2005, e se confessado traído duplamente, primeiro pelo ato em si, e depois pela negativa do ato, tudo culpa de seus interlocutores no PT.  Não o fez, óbvio, e pelo visto, agora segue firme na nau dos insensatos que questiona o julgamento realizado por uma Suprema Corte da qual mais de metade dos membros foram escolhidos e nomeados por ele mesmo. 

E agora, mais um escândalo, no longo rosário de mutretas levadas a cabo por gente graúda do PT. Como escreveu Reinaldo Azevedo no seu blog, "a cada enxadada, uma minhoca". A Polícia Federal recebeu uma denúncia, foi atrás, e... voilá: mais uma roubalheira, mais uma corrupção em série, mais podridão... mais minhocas. Dessa vez, a secretária responsável pelo escritório da Presidência da República em São Paulo, pessoa de confiança de Lula, tanto que o acompanhou por mais de uma década, tendo sido mantida no cargo pela Dilma por imposição do ex-Presidente, resolveu "tirar o seu", seguindo o exemplo de tantos outros. Cobrava uns trocados aqui, uma viagenzinha acolá, coisas miúdas, para obter pareceres de encomenda de órgãos do governo, como ANA e ANAC, para empresários interessados. Transformou o escritório da Presidência da República Federativa do Brasil, em São Paulo, num free-shop de favores vendidos a preços de ocasião. Poderosa, indicou e conseguiu emplacar nas diretorias de agências reguladores, apadrinhados seus, que muito facilitariam seus negócios. Arrogante, exigia tratamento de "madame".

Descoberta a maracutaia, a moçoila "madame" foi para o olho da rua, e responde a processo, assim como várias pessoas ligadas a ela. Isso pode parecer um ato de eficiência da Presidente Dilma. Não é. Eficiência seria ela nem ter mantido no cargo essa pessoa, tendo por fiador apenas a palavra de Lula que, como se sabe, tem um valor relativo nas horas de crise. Há quem diga que Dilma foi isenta e democrática, ao "permitir" que a Polícia Federal fizesse a investigação! Vejam só a que ponto chegamos! É bem possível que Dilma, quando ainda era Ministra-Chefe da Casa Civil, tenha dado ordens à então-Secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para que encerrasse logo a investigação que a SRF conduzia sobre a família Sarney, aliada do governo Lula. Ela nega, a Lina Vieira confirma, ficou uma palavra contra a outra, o assunto morreu. Talvez nunca venhamos a saber a verdade dos fatos. Mas daí a imaginar que ela poderia impedir o trabalho da Polícia Federal, é um despropósito. Seria crime de responsabilidade, e além de tudo, seria inócuo, pois a Polícia Federal não é a KGB do governo - é a Polícia Federal do Brasil, ora bolas.

E onde entra o Tufão nessa história? Afinal de contas, colocamos lá no topo uma charge do Lula empunhando a máscara do chifrudo mais célebre da televisão brasileira...

Ao tomar conhecimento do (novo) escândalo, agora envolvendo sua apadrinhada Rosemary Noronha, quando chegou de seu périplo à Índia em busca do Prêmio Nobel (!!!), Lula novamente recorreu ao paradigma do marido traído, ao pegar a companheira no pulo: "Eu me senti apunhalado pelas costas".  Ou seja, o eterno desavisado leva mais uma rasteira de suas pessoas de confiança, e, mais uma vez, "não sabia de nada".

É possível que ele não soubesse mesmo. Afinal de contas, é corrupção de varejo. 

Mas... vai gostar de levar uma "facada nas costas" assim, lá em Mumbai, Lula! Desse jeito, sendo sempre o último a saber das coisas, o que o senhor me passa é uma terrível impressão de que não tem a menor noção de recrutamento de pessoal, e escolha de amizades!

Isto é, claro, se ele não chegar na TV daqui a uns anos e afirmar que foi tudo armação da Veja, não é?

PS: A Rosemary Noronha mandou avisar que "não afundará sozinha".  Foi montada uma operação especial do PT para "acalmar" a moça. Como conseguirão esse feito, não sei. Mas torço para que não consigam. Se ela decidir mesmo que vai naufragar agarrada a uns e outros, podem surgir dali coisas interessantes. Principalmente sobre a real utilidade do tal "Escritório da Presidência" em São Paulo. É aguardar e torcer.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Os vizinhos e as pedras


Conforme escrevi há tempos, a violência no Oriente Médio segue num crescendo, com desfecho bastante previsível. Ainda não chegou o momento de Israel buscar conter o projeto bélico iraniano por seus próprios meios, face a passividade do resto do mundo perante essa ameaça. O Irã quer a bomba, está trabalhando para tê-la, a terá - e a usará, sem sombra de dúvida. Até hoje, a posse de armas nucleares sempre foi mais uma questão de showbiz do que de ação real. Quem tem, nem cogita de usar, mas usufrui do status de "potência nuclear" que sua posse confere. E a usa como escudo contra possíveis agressores. Assim é no caso do conflito India-Paquistão - ambas possuem ogivas nucleares, ambas adoram anunciar isso, numa espécie de aviso-prévio: "Não se meta comigo!". Mas ninguém de qualquer lado da fronteira cogita de lançar uma bomba atômica no quintal do vizinho, por causa de uma ou dez Caxemiras. O custo simplesmente é proibitivo - e resta um pouco de bom-senso na cachola dessa gente. 

Já no caso do Irã a história é diferente. Os aiatolás professam um dos paradigmas mais caros aos radicais islâmicos: "Israel é uma abominação, e deve ser exterminado". Não "derrotado", não "obrigado a fazer concessões", nem mesmo expulso dos territórios ocupados. "Exterminado". Uns ainda tentam dourar essa pílula, dizendo que não precisa exterminar Israel, basta que o país "deixe de existir". O que, convenhamos, é a mesma coisa. Ou alguém acha que os israelenses irão se espalhar pelo mundo de novo, em diáspora? O que impede o Irã e seus financiados do terror pelo mundo de acabar com Israel não é a falta de vontade nem a determinação para levar a cabo a tarefa, e sim a falta de meios para realizá-la. Israel já deu provas incontestes que não pode ser vencido pelo terror, muito menos por uma guerra convencional. Cercado por inimigos, o país aprendeu da maneira mais dura o risco que significa não investir na sua proteção. E aprendeu também que não se pode confiar na eventual boa-vontade de um ou outro interlocutor do lado de lá. Para cada islamita bem-intencionado, que busca a paz, existem cem outros que sonham com a possibilidade de matar judeus. Agora imagine uma bomba nuclear em mãos iranianas. Eles acabam de admitir que fornecem armamento ao Hamas, grupo terrorista que se ocupa exclusivamente de executar atentados contra civis israelenses. O que impediria Ahmadinejad e sua turma de entregar um artefato nuclear de alguns quilotons ao Hamas, para ser levada a Israel e detonada em alguma grande cidade? Nada! O que inibe essa ação extrema é a determinação de Israel de impedir que o Irã tenha a bomba. Caso o desenvolvimento do know-how atômico dos iranianos não seja coibido pelas sanções da comunidade internacional, Israel agirá. Já fez isso antes, com o Iraque e a Síria, e não relutará em agir novamente, por mais danos que possa causar em sua imagem internacional. A responsabilidade maior de Israel é com seu povo, não com as manchetes dos jornais. O país tem dado sinais de que sua paciência com o Irã está no fim. Ainda mais agora, com a confissão iraniana daquilo que até as pedras da calçada já sabiam: o arsenal do terror é vendido e financiado pelo governo iraniano. Ou seja, cada cidadão israelense morto pelos Hamas é, na verdade,  vítima de uma guerra que o Irã não tem a coragem de declarar.

Enquanto a ação direta contra o Irã não acontece, Israel tem que lidar com o Hamas, que, municiado pelos aiatolás, já lançou cerca de 12 mil foguetes em direção ao território israelense. Mais de 600 apenas nesse mês de novembro! Os foguetes foram lançado a partir da Faixa de Gaza, que Israel entregou à administração palestina, num esforço para obter a tão-sonhada paz na região. Os mísseis são lançados sem precisão alguma, como se fossem pedras jogadas no quintal do vizinho. Se matar alguém, ótimo. Senão, lança-se outro. E outro.  Israel se defende, alvejando os mísseis com destinos considerados mais danosos, usando para isso um sofisticado e caríssimo sistema de rastreamento e mísseis interceptadores. Tem tido sucesso na tarefa, o que que tem poupado vidas. Como escreveu um respeitado jornalista brasileiro: "Enquanto Israel cria um escudo para proteger seus civis, o Hamas usa seus civis como escudo para proteger a si mesmo". Mas chega uma hora em que a paciência se esgota. Israel resolveu agir ofensivamente. Está deflagrado mais um conflito na região, com suas imagens de horror. No momento, há uma frágil trégua, com cessação das hostilidades. Quanto tempo durará? A experiência nos ensina que, em que pese a vontade israelense de ter uma paz duradoura, a sobrevida da trégua será curta. Atacar Israel é o motivo da existência do Hamas e de outros grupos terroristas, como a Jihad Islâmica. Se tirarem-lhes essa atividade, sobrará o que? 

Tudo isso e lamentável. Os palestinos já poderiam ter seu próprio país há anos. Não tem, porque Israel já viu o que dá deixar esse tipo de vizinho agir livremente. Se conceder a independência a Gaza, no lugar de selar a paz, vai estar dando uma base territorial autônoma para o terror. A cada ataque do Hamas, mais argumentos contra o país palestino. E o ciclo da violência cresce. Quem tem razão? Mesmo concordando que os palestinos devam ter seu país, eu creio enfaticamente que a razão está do lado israelense. Basta que qualquer um se coloque no lugar deles. O que o Brasil faria, se acaso houvesse um território colado ao seu, e que esse lugar fosse usado por um grupo terrorista para lançar foguetes contra uma cidade brasileira, em nome de qualquer ideologia? O que diria o governo brasileiro, se esse grupo tivesse como lema o extermínio do Brasil?  Ora, não é preciso ser adivinho para imaginar o que aconteceria, não é? Para quem duvida que o Islã prega a morte a Israel, basta um vídeo dentre os muitos que existem na internet, com declarações de ideólogos do islamismo. Ou, melhor, basta consultar o Estatuto do Hamas, onde o extermínio de Israel e morte dos judeus é um dos pilares da ideologia do terror. 



Aliás, pelo que se vê, não é só o extermínio de Israel que faria a alegria do mundo islâmico radical. No fundo, eles querem mesmo o extermínio de todo mundo que não seja do lado deles. Estados Unidos, Europa.... e por aí vai.

Então façamos um exercício de imaginação. Imagine que você, leitor, more numa casa, num bairro onde seus vizinhos querem, não só sua casa, mas lhe ver morto. Um dia, numa negociação, você entrega aos vizinhos um terreno, pegado ao seu, que era disputado entre as partes. Os vizinhos instalam lá uma base ofensiva contra sua casa. Todo dia, jogam pedras no seu telhado, esperando acertar um filho teu. Se um filho teu for apanhado andando pela rua sem escolta, os vizinhos vão matá-lo. com certeza. Você já telefonou para a prefeitura (ONU) reclamando. Já ligou também para a polícia (EUA). Não adiantou nada. Um nem atende seu telefonema. O outro diz que está muito ocupado com seus próprios problemas, não vai se meter em briga de vizinho. E as pedras seguem caindo. Lá no vizinho, publica-se um manifesto, afirmando que matar você é dever moral de qualquer vizinho que se preze.

O que você, leitor, faria? Mudar de bairro está fora de cogitação, claro.

Não sei quanto a você, mas eu compraria um revólver. E se as pedras seguissem caindo, é bem capaz de eu, mesmo sendo um amante da paz, ir lá no vizinho  tirar satisfações e, em caso extremo, dar uns tiros.

E você? Aguentaria as pedras, para não parecer rude? Até quando?

Mas esse não é o meu foco de hoje. O que leva a escrever não é o conflito em si, que é cruel como todo conflito armado, mas sim aquilo que eu tenho visto na mídia, entendendo como tal não só o que sai publicado nos jornais, veiculado nas TV's mas também o que rola nas chamadas redes sociais e blogosfera. É um escândalo. A re-edição do trabalho midiático usado pelos nazistas nos anos 30, para preparar o espírito dos alemães para o Holocausto que viria. Existe um bombardeio de inverdades, invencionices e bobagens abissais circulando na internet, e endossado pela mídia, acusando Israel dos maiores horrores imagináveis, nessa sua "guerra de agressão" a Gaza. Já li até um enojante blog de um cidadão, que, pasme, acusa os radicais islâmicos de incompetência, porque se unidos estivessem, seria mais fácil exterminar Israel!!!. E acusa Israel de ser... nazista!!!!  Esse mentecapto ainda recebe guarida para suas sandices num blog que (tenta) ser de "jornalismo"!!!! Vejam aí que pérola:


Agora vejam essa foto:



Essa foto rodou o mundo, nas asas na internet. Foi postada em todas as redes sociais. Foi viral no Facebook. Segundo as informações que a acompanhavam, era a foto de um soldado israelense pisando no peito e apontando sua AK-47 para o rosto de uma criança palestina, em Gaza. As reações foram as esperadas: horror, revolta, declarações de ódio a Israel, xingamentos diversos. Eu estimo que 99% das pessoas que viram, acreditaram na mensagem da foto, e condenaram Israel pela atrocidade.

Mas eu não sou um dos 99%. Me situo, com orgulho, entre os 1% que possuem cabeça para pensar, e não para ser vaca de presépio, muito menos massa de manobra de mentirosos. Fui investigar a foto. E... voilá!

Essa foto foi postada por um sujeito de nome Wesley Muhammad (o que por si só já explica muita coisa, não?). Era parte de uma foto maior (veja abaixo), tirada no Bahrain, em 2009, durante uma apresentação teatral. O uniforme do "soldado" não e das Forças de Defesa de Israel. E a arma, uma AK-47, não é de uso da IDF, sendo, entretanto, a arma de escolha dos... terroristas! Ou seja, a foto é tão legítima quanto uma nota de 3 reais! É MENTIRA!



O pior não é ver esse tipo de contra-informação ganhando ares de veracidade na internet. O pior é ver gente que se diz culta e esclarecida, caindo nessas lorotas, e fomentando um sentimento antissemita que só encontra paralelo no estúpido antiamericanismo que grassa nos países do terceiro mundo com complexo de inferioridade - como o Brasil. Muito embora as filas para obtenção de visto no consulado dos EUA sigam enormes. 

Como qualquer pessoa de bem, eu torço pela paz. Gostaria de ver palestinos, árabes, sírios, libaneses e outros adeptos do islamismo, convivendo lado a lado, pacificamente, com os judeus. Ora, isso acontece em São Paulo, por que não poderia acontecer no resto do mundo? Mas, sinceramente, não tenho esperança de que isso venha a acontecer. Ao contrário de outros denominados "movimentos revolucionários", o terrorismo islâmico não objetiva independência ou liberdade. Objetiva a destruição de um Estado legítimo e democrático, a morte de seus cidadãos, o genocídio. É como o alien de "Independence Day", que, quando perguntado pelo presidente dos EUA interpretado por Bill Pullman sobre o que os humanos poderiam fazer para permitir a co-existência, respondeu: "Sem co-existência. Morram."  Israel possui os meios para impedir a realização do sonho escabroso dos radicais. Negar-lhe o direito a defender-se, usando para isso a mentira exaustivamente repetida, é asqueroso - e inútil.