quinta-feira, 26 de julho de 2012

Os Idos de Agosto estão chegando!

"A culpa é toda minha, e portanto, eu a ponho em quem eu quiser!"
Homer Simpson

Julho vai findando, e o agosto que começa na semana que vem promete emoções dignas de Copa do Mundo. Não, não é a Olimpíada de Londres o motivo dos olhos grudados na tela da TV, dos debates inflamados nos bares e da troca de ofensas diuturnas nas chamadas redes sociais. A Olimpíada, em que pese sua importância esportiva e de orgulho (ou vergonha) nacional, empalidece frente às outras disputas que ocuparão corações e mentes nesse mês de agosto. Mês de desgosto para alguns, de vitórias para outros. Por um lado, a sequência de uma CPMI.  Que tinha importante função saneadora e moralizante, até o exato dia em que o relator, Odair Cunha (PT-MG) decidiu (ou decidiram por ele, que obedeceu, como bom militante que é) que a coisa perigava ir muito além da encomenda inicial, pisou no freio e puxou as rédeas da Comissão para direcioná-lo exclusivamente a seu terceiro e último objetivo sobrevivente: acossar um dos mais destacados e combativos governadores do PSDB. Os outros dois objetivos, a tentativa de demonizar a imprensa não-alinhada com o lulopetismo, abrindo caminho para mais um ataque à liberdade de imprensa sob o disfarce de "controle social da mídia", e a criação de uma cortina de fumaça para desviar a atenção popular do julgamento do Mensalão, já haviam fracassado inteiramente. Nesse exato dia, em que o relator saiu a questionar testemunha quanto ao papel de parede usado na "reforma" da casa que pertencera ao Marconi Perillo, a CPMI deixou de fazer qualquer sentido. Não vai passar disso. Não vai buscar esclarecer as tenebrosas ligações da Delta, braço financiador e parceiro do Carlinhos Cachoeira, com os governos que contrataram seus serviços. Não, isso não vai acontecer, e os protestos do Senador Álvaro Dias encontrarão ouvidos moucos. Já nem se fala no prefeito de Palmas, do PT, cujas ligações com o esquema Cachoeira-Delta são escancaradas, notaram? Tudo indica que a CPMI, no lugar de ofuscar o julgamento do Mensalão no STF, será fatalmente ofuscada por ele. Melhor seria fazer mesmo o tal "acordão", não se fala mais em Marconi Perillo, Agnelo Queiroz, Sérgio Cabral, deixa a Justiça Federal lidar com Cachoeira, esquece Cavendish, Pagot, Cabral e PAC. Libera os deputados e senadores para fazer como nós, simples mortais: ligar a TV na TV Justiça, e acompanhar o "julgamento do século", a Ação Penal 470, vulgo "Mensalão".  Esse sim, será o assunto para aquecer as frias noites de agosto.

O que dizer da AP 470? 

Sinceramente, não sei. Conhecendo um pouco o Judiciário, creio que é temerário fazer qualquer prognóstico. Cabeça de Juiz, sabem como é. No frigir dos ovos, cada um dos Onze (sim, o amigo fraternal de José Dirceu, Antonio Dias Toffoli, estará lá, cumprindo o que lhe foi determinado) vai analisar e emitir sua sentença sobre cada um dos 36 réus (dois serão absolvidos, a pedido do MP). Pelo que sinto, eles não estão sendo afetados em seu discernimento jurídico por nenhuma das canhestras tentativas de imposição de decisão ventiladas pela imprensa cooptada, nem pelos petistas cada vez mais inquietos e apreensivos. Mas que essas manobras são um capítulo à parte, isso são. A coisa começou com a tentativa de intimidação do ex-presidente Lula sobre membros do STF, para que o processo, que já mofa na fila há mais de cinco anos, não fosse apreciado "em ano eleitoral", mesmo estando maduro para tal. Gilmar Mendes, a princípio, seguiu a sabedoria mineira: não havia mérito em escancarar o comportamento deplorável de Lula, primeiro porque eles são (ou eram) amigos, segundo porque não se ia ganhar, institucionalmente, coisa alguma com a denúncia da pressão lulista. Acossado por uma campanha difamatória orquestrada nos porões do petismo aloprado, Gilmar não teve outra saída senão botar a boca no trombone. Deu no que deu: um ex-presidente que não teve sequer a coragem de vir a público e chamar seu acusador de mentiroso, deixando a tarefa para a militância. Medo de ser desmentido  posteriormente, talvez. Mais: o ato não-republicano do Imperador de Banânia abespinhou a suprema corte, que a partir de então correu célere para fazer o que já se imaginava quase inviável: julgar os mensaleiros ainda em 2012, e antes das aposentadorias de Cesar Peluzo e Ayres Brito e sua troca por dois "Toffoli" mais ao gosto dos petistas. Ayres Brito cobrou o chicaneador Lewandovsky, que, sob risco de cair na crítica de seus pares e da sociedade, entregou sua revisão do processo a tempo para o início do julgamento em 2 de agosto. Fechou-se a porta da procrastinação. O PT tentou abrir outras. Tentou destruir a reputação de Gilmar Mendes, acusando-o de ser anti-PT, corrupto, nepotista e vendido ao PSDB. Esqueceu, providencialmente, das decisões do próprio Mendes, contraditórias até, que beneficiaram membros do partido em passado recente. Tentaram forçar o ministro a se declarar impedido. Fracassaram novamente.  Ato continuo, o réu-maior, "líder de sofisticada organização criminosa" (as palavras não são minhas, estão na peça acusatória da PGR), José Dirceu, foi "às bases", reuniu a companheirada da CUT e, num curioso paralelo com o ato moribundo do Collor antes de renunciar, "motivou" os sindicalistas pelegos a "botarem a massa na rua", caso o desfecho seja sua condenação. Não parece ter conseguido motivar mais do que meia-dúzia de gatos pingados. Surgiram as opiniões de juristas a soldo do PT, dizendo que o julgamento teria que ser "técnico" e não "político", deixando claro que "técnico" no idioma do petismo, é sinônimo de "absolvição". Embora estapafúrdia, a teoria foi adotada com gosto pelos blogs repletos de militantes que, se mal sabem ler e escrever, sabem muito bem seguir os ditames dos seus manipuladores. O STF, impávido, não tomou conhecimento das maquinações do submundo petista. Nenhum ministro quis debater o assunto, até para não criar mais celeuma num assunto que é responsabilidade exclusiva do tribunal. Muito pelo contrário, os membros do STF trataram de agilizar os procedimentos para o julgamento, criando mecanismos para desarmar agilmente as inevitáveis tentativas de chicana. E saíram de férias. Imagino o efeito que tal comportamento teve nas hostes do petismo centrado na figura de Zé Dirceu. Fica cada vez mais evidente a veracidade da declaração de Gilmar Mendes, ao relatar seu encontro com Lula: "O Zé Dirceu está desesperado".  Pelo visto, está mesmo. E seu desespero eclodiu em outra manobra digna de riso: a tentativa de "tirar o seu da reta", jogando a culpa toda da maçaroca nas costas do "boi de piranha" do PT, o "professor" Delúbio Soares, que era tesoureiro do PT à época.  Delúbio encarnaria o capeta, o tinhoso, o coisa-ruim, e traria para si toda a ira persecutória do STF, livrando a cara dos "maiorais" do partido, Zé Dirceu e Genoíno.  Teria, talvez, um busto em bronze no Instituto Lula, como o mártir que se imolou pela "causa". Não deu certo, aparentemente. Afinal de contas, os autos do processo estão conclusos, não adianta querer mudar os fatos, sete anos depois. Também andaram esquecendo de "combinar com os russos", como se diz, porque o advogado de Delúbio afirmou hoje que o tesoureiro apenas cumpriu ordens da direção do partido. Acho que o busto em bronze já era. Assim como de nada adiantam as afirmativas de Lula de que "o Mensalão não existiu". Ora, se não existiu, de que mesmo Lula se desculpava, naquele pronunciamento pela TV? E o Silvinho Land-Rover, coitado, confessou e foi prestar serviço comunitário, de graça? A tese de que o PT tenha feito um acordo de financiamento eleitoral de outros partidos não encontra sustentação na lógica. O partido estava virtualmente quebrado em 2004, depois da gigantesca campanha para eleger Lula. Mal tinha para si, com uma dívida imensa. Iria financiar PR , PTB e outros partidos menores, a troco de que? A troco de apoio nas votações no parlamento, ora.  Precisamente aquilo de que é acusado: comprar votos favoráveis ao governo, no congresso nacional. Em bom neo-português: mensalão. "Ah, mas havia petistas pegando dinheiro também... se eram do PT, não seria necessário dar dinheiro para eles votarem com o governo!". Assim gritam os petistas. Pura lorota: Quem anda acompanhando o que acontece na Câmara dos Deputados nas últimas semanas, tem visto o presidente da casa, Deputado Marco Maia, fazendo verdadeira chantagem contra o governo, na busca de verbas paroquiais. E ele é do PT! Voltando ao mensalão, corrupto é corrupto, não tem filiação partidária, muito menos ideologia. O fato é que o argumento dos mensaleiros, de que o dinheiro era mero caixa 2 de campanha, e servia para pagar compromissos dela oriundos, não se sustenta nos fatos: retiradas na boca do caixa, em valores até modestos, por congressistas. Coisa de R$ 50 mil para um, R$ 100 mil para outro. Uma típica mesada. Um "cala-boca", também conhecido por "jabá". Comandado por Zé Dirceu, o todo-poderoso articulador político do PT na Casa Civil. Gerido por Delúbio Soares, tesoureiro do partido. Operacionalizado por Marcos Valério, dono de agências de publicidade com acesso tanto à Câmara dos Deputados como outras fontes de recursos, como Banco do Brasil. Com dinheiro lavado em instituições bancárias obscuras como Banco Rural e BMG. Dinheiro obtido por apropriação indébita de verbas do Banco do Brasil, que deveriam  ter sido devolvidos ao banco e não foram (a absurda  decisão de Ana Arraes à frente do TCU, validando como legal um crime que aconteceu há sete anos, nem vem ao caso, o fato persiste que eram recursos do Banco do Brasil, à época, ou seja, meu, seu, nosso dinheiro).

E, agora, segundo deixa entrever a defesa de um dos participantes do processo, tudo foi feito sob a égide, senão comando supremo, daquele cujo nome faz uma falta imensa no rol dos acusados da Ação Penal 470: Luiz Inácio Lula da Silva. Que foi poupado do envolvimento, na ocasião, pela inoperância de um uma Oposição medrosa, que temeu a reação popular, no lugar de buscar a moralidade na coisa pública, doesse a quem doesse.

E agora?

Agora a máquina de versões do petismo parece que vai perdendo alguns parafusos. Como o julgamento é mesmo iminente, como o risco de condenação é real, e como todas as chicanas (das quais a mais risível é a carta remetida aos STF essa semana, por alguns advogados paulistas, entre os quais dois ligados umbilicalmente ao PT, pedindo que o julgamento seja adiado para não coincidir com as eleições, ou seja, os causídicos acham justo que julgamentos com efeito político só possam ser realizados em ano que não tem eleição) fracassaram, os petistas e demais envolvidos vão mesmo é adotando o comportamento de membros de uma quadrilha daquelas bem rastaqueras, de assaltantes, quando são colocados frente a frente na delegacia: um acusa o outro, que acusa o terceiro, cada qual querendo tirar o seu da reta. O chefe acusa o tesoureiro, que acusa o intermediário, que acusa o banco, que acusa o partido, que acusa todos aqueles que não são do partido, que acusam Lula que... não acusa ninguém, apenas diz que nada disso existiu, foi tudo invenção da mídia golpista.

"Sofisticada Organização Criminosa"?? Uma ova. Bando de ratos, isso sim.

E que venha agosto. O canal Justiça é capaz de ter mais IBOPE do que a vilã Ritinha, da novela global.

Nota: Agora à noite (26), o advogado Antonio Malheiros Filho, defensor de Delúbio Soares na Ação Penal 470, enviou nota ao jornal O Globo para alterar as declarações publicadas nestaquinta-feira. Na entrevista concedida ao jornal, Malheiros declarara que "todas as decisões (do partido) eram do colegiado, da Executiva". Segundo O Globo, na nota o advogado ajustou as declarações para também poupar a direção petista, como vinha fazendo o ex-tesoureiro do partido e réu no processo do mensalão.

Como se vê, nada muda no PT. "Cumpanhêro" tem mais é que andar na linha e seguir as ordens. Delúbio foi escolhido o "cavalo" do espírito maléfico da incorporação da culpa coletiva, que ele que não se meta a relinchar justo agora na hora da onça beber água. Cabrito bom não berra. Aquele busto de bronze é bem capaz de sair, no final das contas.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Um Yoda para Marconi Perillo



"À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta." 
                                                                           (Caio Júlio Cesar, 100 AC - 44 AC)



No post anterior, listei os argumentos que me levam à convicção da inocência do Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, no tocante às acusações formuladas contra ele. Elenquei os prováveis motivos dessa perseguição sem quartel contra o político goiano do PSDB,  e aventurei-me a tentar reconstituir a sequência de eventos que acabaram deixando o Perillo nessa situação de vulnerabilidade, tanto legal quanto política. Reitero minha crença pessoal na lisura dos atos do governador. Tanto quanto pelas ilações nitidamente partidárias expostas pelos seus algozes, como por algo mais profundo e que vem de dentro, ao avaliar a postura franca e destemida do Perillo no enfrentamento das acusações feitas a seu respeito. Diziam os antigos que "quando a esmola é muita, o santo desconfia". No caso do Marconi Perillo, o ódio e sangue nos olhos de seus adversários deixam entrever um viés partidário e até mesmo desavença pessoal contra o governador. Eu tenho um certo horror a linchamentos, ainda mais a linchamentos onde a turba é toda composta de inimigos de longa data. Enfim, espero que a verdade prevaleça, e que eu não "pague língua" como se diz lá em Minas. 

Mas o que me leva a postar, ainda mais com a figura do impagável Mestre Yoda? E qual a ligação entre o sábio cavaleiro Jedi e o jovem governador goiano? Explico

Na saga de George Lucas, o jovem e impetuoso Luke Skywalker, que despontava como líder das forças de rebeldia contra o Império, sofre com sua própria inexperiência. Possui dentro de si todo o potencial do domínio da Força para a causa da liberdade, mas tropeça na inabilidade de controlar a Força. É imprudente, intempestivo, corajoso mas ineficaz. Seu destino, a seguir dessa forma, está selado: nunca será um cavaleiro Jedi, e terá morte medíocre numa batalha qualquer. Mas Luke é aconselhado pelo espírito de um Jedi morto, Obi-Wan Kenobi, a viajar para o planeta Dagobah, onde receberá treinamento Jedi. O jovem cavaleiro aprende, acima de tudo o mais, que a serenidade e a astúcia podem valer muito mais do que a força bruta.

Volto a Goiás. O governador Marconi Perillo é jovem. Desde sua estréia na política em fins dos anos 80, ainda ligado ao governador Henrique Santillo, ele teve uma carreira sólida e vitoriosa. Foi eleito governador pela primeira vez em 1998, derrotando as forças políticas mais influentes do estado, na pessoa de Iris Resende. Re-elegeu-se, cumpriu o segundo mandato, fez seu sucessor e foi eleito Senador. Teve atuação de destaque no Senado. Em 2010 foi eleito novamente ao governo do estado, derrotando outra vez Iris Resende, que contava com todo o apoio da máquina eleitoral petista. Era uma estrela em ascensão dentro do PSDB, com uma perspectiva brilhante. Um cavaleiro Jedi, por assim dizer.

Mas o cavaleiro tem seus pontos fracos. Não que ele seja atraído pelo Lado Negro da Força, o caminho fácil de aderir ao império lulopetista (o que lhe garantiria uma certa imunidade contra ataques, como se vê no caso de governadores com vulnerabilidades muito maiores, tais como Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral, devidamente blindados). Não, Perillo não sofre tentações dessa ordem. 

Mas como comete asneiras, esse moço...

Marconi Perillo age como se tudo fosse natural e transparente. Age de consciência tranquila, sabendo que não comete crime algum, que não é corrupto. Nessa crença, ele vai esbarrando em atos que, se não são errados na essência, são equivocados na prática. Falta-lhe um Yoda, um conselheiro, na figura de um auditor de governança em caráter permanente. Alguém que lhe diga, com todas as letras, e de preferência ANTES do fato consumado, que:

Uma pessoa comum pode telefonar para um bicheiro, e desejar-lhe feliz aniversário. Um governador de Estado, não.

Uma pessoa comum pode vender sua casa sem a preocupação de saber das intenções de quem a compra, e da origem dos recursos. Um governador de Estado, não.

Uma pessoa comum pode se cercar de amigos de toda espécie, uns mais certinhos, outros notórios crápulas. Um governador de Estado, jamais

Uma pessoa comum pode entregar a administração de seus bens e negócios a amigos, notadamente os citados acima. Um governador de Estado, não, em hipótese alguma.

Uma pessoa comum pode chegar numa Comissão Parlamentar de Inquérito, e se recusar a revelar informações aos seus membros, tais como a abertura de seus sigilos bancários, fiscal e telefônico. Um governador de Estado, não - ainda mais se estiver óbvio que a Comissão vai quebrar esses sigilos de qualquer forma.

Uma pessoa comum pode pedir dinheiro emprestado aos amigos (embora seja o caminho mais certo para perder os amigos). Um governador de Estado, NÃO!  NÃO! NÃO!  Precisa de dinheiro, governador? Vá ao banco, de preferência um que não tenha negócios com o Estado, e solicite um financiamento! Nunca, jamais, em tempo algum, peça dinheiro aos amigos - ainda mais se esses amigos estiverem ocupando cargos no governo!

Uma pessoa comum pode fazer negócios particulares com membros de sua equipe na empresa onde trabalha embora isso seja pouco recomendável. Um governador de Estado, NUNCA!

A pessoa comum pode e deve ter amigos, daqueles famosos amigos do peito, como na música de Milton. Um governador não tem amigos. É duro constatar isso, mas são os "amigos" no governo que carregam em si a desgraça do governante. Porque raros são os amigos que não sucumbem à tentação de usufruir dessa amizade, além das fronteiras do razoável. Não, Marconi: um governador não tem amigos. Tem colegas de partido, auxiliares e subordinados. Uns mais confiáveis, outros não. 

O que falta ao governador, talvez, seja a consciência de quanto sua função é complexa, e alvo de intrigas de toda espécie. A inveja, o despeito, o rancor dos derrotados, são partes integrais da vida de um político. E simplesmente não é aceitável que um político, ainda mais com a tarimba que deveria vir com quase 25 anos de atividade, se deixe enredar nesse tipo de teia. Falta um ombudsman de gestão, alguém que não precise "agradar" ao chefe, mas que o mantenha longe desse tipo de conflito de interesse e vulnerabilidade, ainda que às custas de ser o amigo mais cruel que o Marconi Perillo possa ter. Alguém que possa auditar cada atitude e prevenir fatos que, depois de consumados, sejam desastrosos para o governador. Um Yoda, talvez.  

E que a Força esteja contigo, Marconi.



Por que o alvo é Marconi Perillo?

"Precisando, portanto, um príncipe, de saber utilizar bem o animal, deve tomar como exemplo a raposa e o leão: pois o leão não é capaz de se defender das armadilhas, assim como a raposa não sabe defender-se dos lobos."  - Niccolo Machiavelli

Antes de mais nada, quero deixar claro que, a julgar por tudo que tem aparecido na mídia e na blogosfera até o momento, envolvendo o nome do Governador de Goiás, Marconi Perillo, eu sigo confiando na idoneidade do referido cidadão. Algo bem diferente do que ocorreu com o Demóstenes Torres, em que as evidências divulgadas pelos grampos da Polícia Federal, e as próprias declarações do agora ex-Senador punham a nu não só sua ligação quase umbilical com o contraventor, mas sua total incapacidade de dar uma versão verossímil aos fatos ali mostrados. Demóstenes foi uma punhalada nas costas da oposição ao Estado lulopetista, e como tal, foi lançado às feras sem dó por seus pares - e por mim. E pela opinião pública em geral, independente de viés ideológico. Acho a sua cassação mais do que justa. 

Mas o caso do Marconi é bem diferente. Esclareço.

Em primeiro lugar, não é segredo para ninguém que Marconi Perillo foi escolhido como fulcro de uma tentativa do lulopetismo de atingir de morte as bases da Oposição. Como é público e notório (e tratarei disso em outro post) o PT se encontra numa campanha sem quartel objetivando o extermínio, puro e simples, de qualquer forma de oposição estruturada ao regime cleptocrata instaurado no Brasil desde 2003. Na busca desse objetivo, nada mais natural que o petismo buscasse os pontos fracos do seu inimigo, o PSDB. Nos grotões do Brasil que ainda chafurda no século XX, onde o coronelismo sempre foi a lei, o PT já fincou suas raízes, amparado pelo clientelismo mais descarado de que se tem notícia desde a era Vargas. O nordeste brasileiro é "fava contada" aos olhos do petismo (daí sua indignação com os vôos cada vez mais altos do expoente-mor do PSB, Eduardo Campos). Resta o Brasil que "puxa a carroça", onde a situação é bem diferente. São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás... praticamente 3/4 do PIB segue fora das garras do petismo.  E a situação parece longe de mudar a favor do PT, dada a rejeição que os eleitores destes estados, geralmente de perfil educacional mais elevado, nutrem pelo partido. O PT não possui nomes de expressão no âmbito estadual em nenhum desses estados. Os que ainda sonhavam com maior projeção acabaram mesmo nas páginas policiais, por vícios tipicamente petistas. Restou a opção do ataque, da corrosão artificial de imagem, da difamação dos adversários, atualmente no poder nesses lugares. Ora, se ficasse provado que o maior partido da oposição também se encontra eivado de corruptos, isso tiraria da oposição sua maior arma contra o petismo: a bandeira da decência e da moralidade no trato da coisa pública. E assim o PT procedeu. Atacou o Fernando Henrique Cardoso e José Serra em São Paulo, através do apoio a uma publicação caluniosa. Já havia tentado fazer isso anteriormente, comprando dossiês fajutos, tendo sido abortada a tentativa pela prisão de seus realizadores (mas não dos idealizadores, infelizmente). Atacou Álvaro Dias no Paraná. Atacou Aécio Neves em Minas, com acusações que iam da injúria à pilhéria. Não obteve êxito. E então o PT voltou os olhos cobiçosos para Goiás. Os manda-chuvas do partido esperaram uma brecha conveniente. E ela veio na figura de Demóstenes Torres, um dos pilares de resistência contra o petismo. Esse pilar ruiu, por seus próprios erros e mentiras. E ele era "da turma do Marconi". Eureka! Era o que o PT mais esperava! No caso do Marconi, ainda havia um gostinho especial: ele é desafeto pessoal do Grande Líder do petismo, o Lula em pessoa, porque tinha sido um dos que denunciara o crime que ficou conhecido como Mensalão (e não se arrependera disso, diferentemente de Eduardo Paes, que de algoz passou a colega, num dos movimentos políticos mais oportunistas e rasteiros da história recente). E o petismo embarcou nessa nau com fogo nas ventas e sangue no olhar. Desvirtuaram totalmente a CPMI criada para investigar o esquema criminoso do contraventor Carlinhos Cachoeira, em todas suas ramificações, e  transformaram-na em "CPI do Marconi", cujo objetivo declarado era e segue sendo crucificar o governador goiano. Para os governistas da CPMI, que são folgada maioria na comissão, todo o resto, a verdadeira podridão que representa a autuação da Delta Engenharia em todas as esferas do governo, não tem a mínima importância. Aliás, é de bom alvitre que se esqueça a Delta, pois o rastilho pode muito bem dando em lugares indesejáveis, como o PAC. O negócio é "pegar o Marconi", e dar os trabalhos por encerrados o quanto antes. Nesse mister, pouco importa a consistência das acusações, ou das insinuações. Pouco importam os FATOS. De nada adianta o Governador ir lá, de peito aberto e tez serena, e mostrar que nada teme, porque nada deve. Cada ilação feita por membros petistas da CPMI, como o fraquíssimo relator, Odair Cunha, cai num vazio de provas total. Os petistas prontamente mudam de curso e buscam outra porta para atingir o governador. O depoimento do jornalista Bordoni foi emblemático: saudado como "homem-bomba" ao descrever um suposto esquema de pagamento de seus serviços com dinheiro "sujo" oriundo da Delta/Cachoeira, acabou desmoralizado pela incoerência óbvia entre declarações e atos. O PT deixou o depoimento à deriva, e partiu para outro rumo, sempre com o objetivo central na mira: encurralar Marconi Perillo.

Em segundo lugar, não é segredo que a CPMI foi e segue sendo uma cortina de fumaça para a Ação Penal 470, conhecida como "Processo do Mensalão", ora em julgamento no Supremo Tribunal Federal. O PT e seus líderes, quase todos réus no processo, estão em pânico com as implicações do julgamento, ainda mais num ano eleitoral. Já tentaram de tudo: empurrar a análise do processo para as calendas, a tentativa canhestra de cassar um dos juízes da Corte (cujo voto ninguém conhece, mas se especula à vera),  a imbecil caracterização de uma provável condenação como "política", e de uma cada vez mais difícil absolvição como "técnica", e até mesmo a mobilização das "massas" para irem às ruas em caso de desfecho desfavorável aos réus. A cada dia surge um novo subterfúgio, uma nova ideia. A mais recente é a "defesa Macarrão", na qual um dos acusados admite que foi o único responsável pela maracutaia, cuja existência, por sinal, ele nega de forma veemente. Trata-se de um caso delirante de "não aconteceu, mas se aconteceu, fui eu". Pouco importa que Lula tenha pedido desculpas publicamente pela "traição" de seus parceiros. Pouco importa que um dos acusados, do PT, tenha reconhecido seus erros e se submetido a prestar serviços comunitários pelo mau-feito. Agora, a palavra de ordem é: "o Mensalão foi uma criação de Carlinhos Cachoeira e da Veja, para derrubar o Lula.". Como a probabilidade dessa lorota colar é baixíssima, tem-se o cenário alternativo: na pior das hipóteses, com a CPMI "fisgando" um expoente do PSDB, o risco político nas eleições municipais de 2012 fica diluído, e a oposição perde uma arma letal para as pretensões "hegemônicas" do lulopetismo: a moralidade pública. Para o cidadão comum, é bem capaz de valer o conceito de que "é tudo farinha do mesmo saco" e, nesse caso, as sujeiras petistas não se destacariam  na paisagem de devassidão geral. "Sou, mas quem não é?" é o mote da hora. 

Então, pelo exposto acima, fica claro que existe, sim, uma campanha política e midiática, engendrada nos porões do petismo, para destruir Marconi Perillo e com isso abrir um flanco vulnerável em toda a oposição no Brasil. Mas fica a pergunta: tirando essa agenda oculta, até onde vai a inocência real do Governador? Olhando de relance, o caso é complicado mesmo, ainda mais com as gravações fora de contexto vazadas seletivamente pela Polícia Federal, interpretadas ao bel-prazer dos candidatos a algoz de Marconi. Vamos ver o que existe de concreto nesse emaranhado todo:

1) O esquema Cachoeira-integrantes do governo de Goiás


O contraventor Carlinhos Cachoeira infiltrou pessoas cooptadas por ele, em diversos escalões do governo goiano. Em outros casos, seguiu o caminho inverso, e cooptou pessoas que já faziam parte do governo. Isso é fato. Desde a chefe de gabinete, Eliane Pinheiro, passando por assessores e políticos amigos do governador, como Wladimir Garcez (PSDB), havia forte presença de tentáculos do Cachoeira no âmbito do governo goiano. Não se sabe se a atuação dessa pessoas serviria para atender às necessidades próprias de Carlinhos Cachoeira, ligadas ao jogo ilegal no Estado, ou se iam além, intermediando interesses da empreiteira Delta nas suas relações com o governo. É possível que houvesse as duas interações. A pergunta que fica é: o governador fazia parte desse esquema? A meu ver, nada aponta para isso. Em primeiro lugar, a ausência de contatos diretos entre Perillo e Cachoeira. Ora, a julgar pelo volume caudaloso de gravações telefônicas entre o contraventor e outros expoentes da política goiana, eles não tinham o menor receio de estarem sendo grampeados. Por que Marconi pensaria diferente? Mas entre as milhares de gravações da Polícia Federal só existe UM contato direto entre o governador e o bicheiro: um protocolar voto de feliz aniversário, algo que todo político faz diariamente com uma gama imensa de eleitores. Fora esse, nada. Por que? 

O que parece mais factível, é que Carlinhos Cachoeira, por si e em nome de quem era seu sócio-financiador, fez um trabalho minuncioso de penetração no governo goiano. Não conseguiu estabelecer uma ligação direta com o governador, mas teve sucesso em ir "pelas beiradas", cooptando pessoas ligadas ao Perillo, e com poder decisório no governo. Isso confere ao governador o estigma de desonesto? A meu ver, um categórico NÃO. Mas o submete, sim, ao indesejável papel de ingênuo e até tolo, sobre o que falarei adiante.

2) A venda da casa de Marconi Perillo. 


O que se sabe? Que Marconi Perillo colocou sua casa à venda, em janeiro de 2011. Fato. Que a anunciou. Fato. Que o valor de mercado da casa, dadas suas características e localização , girava ao redor de R$ 1,5 milhão. Fato. Que a casa foi vendida e a escritura foi passada para o nome do Walter Santiago, dono da Faculdade Padrão, de Goiânia. Fato. Que Marconi recebeu o pagamento, no valor de R$ 1,4 milhão, em 3 cheques pre-datados, compensou os cheques nas datas combinadas e declarou o valor da venda à Receita Federal. Fato. O imbróglio poderia ter parado aí. Afinal, qualquer um que tenha feito uma transação imobiliária sabe que o ônus de provar desimpedimento ou condição legal para a venda é do vendedor, não do comprador. Mas há outras considerações a fazer, e que suscitaram as dúvidas na CPMI, exaustivamente exploradas pelo interesse partidário do PT. Vamos a elas.  1) A venda da casa havia sido tratada com o Marconi, pelo "interessado" na casa, o vereador Wladimir Garcez.  Fato, confirmado tanto por Garcez como por Marconi. 2) Garcez desistiu da compra, alegando que não tinha recursos para efetivá-la. Fato. 3) Garcez, embora tenha desistido da casa, arrumou um comprador para ela, no caso, o Walter Santiago. E resolveu ganhar comissão sobre a venda, no valor de R$ 100 mil. Fato. 4) Walter Santiago não pagou em cheque, mas em dinheiro vivo. Pagou no gabinete de Marconi, não diretamente a ele, mas a um preposto dele. Fato. 5) Antes de passar à posse do Walter Santiago, a casa foi emprestada ao Carlinhos Cachoeira e sua esposa Andressa, por alguns meses. Esse empréstimo não foi feita por Marconi, mas pelo comprador, atendendo a um pedido de Wladimir Garcez. Carlinhos Cachoeira foi preso no endereço. Fato. 6) Os cheques que serviram para pagar a compra da casa foram emitidos por um sobrinho de Cachoeira, sacados sobre uma conta abastecida por uma das empresas fantasma operadas pela Delta Construções, que operava em conjunto com o Cachoeira. Fato.


Em cima destes fatos, foi urdida uma trama digna de novela, invariavelmente apontando para a acusação de que Marconi Perillo teria vendido sua casa, de fato, para Carlinhos Cachoeira. E procurado ocultar esse fato "desabonador" usando os serviços de um "laranja", no caso, o Walter Santiago. A partir daí, a especulação corre livre: Marconi estaria no "esquema" da Delta, sendo a casa a moeda de troca para as falcatruas a ele atribuídas. Os néscios acreditam nisso sem sequer se dar ao trabalho de pensar. Afinal, é uma história que vai ao encontro dos seus anseios. O problema é que a história não "fecha", se explicada dessa forma oportunista. E não resiste a uma análise simples: 1) O que impediria Marconi Perillo de vender a casa diretamente a Carlinhos Cachoeira, caso assim desejasse? É perfeitamente lícito vender um bem para qualquer pessoa que possua um mísero CPF, e desde que não haja lesão ao fisco (declaração de valor diversa da real), crime de lavagem de dinheiro ou conflito de interesse (a venda para a Delta poderia, em tese, se configurar dessa forma, caso o valor fosse muito diferente do valor de mercado, o que não foi o caso). Marconi não teria nenhum problema em dizer que vendeu a casa ao contraventor, de peito aberto. Não existe antecedente de um vendedor se preocupar com a reputação de quem lhe compra um bem, e sim o contrário. Ao vendedor, interessa saber se o cheque tem fundos, e só. 2) Não houve enriquecimento de parte a parte. Ninguém "levou vantagem" na transação, a não ser o intermediário, o Wladimir Garcez, que aparentemente comprou a prazo e vendeu à vista, e ainda levou uma comissão. Como poderia haver um "favorecimento" de Perillo pelo grupo Cachoeira/Delta, se a casa foi vendida pelo valor de mercado? Onde está a "propina"? Assim, é perfeitamente possível imaginar um cenário muitíssimo mais verossímil para a "novela" da casa do governador: Wladimir Garcez sabia do interesse de Perillo em vender a casa. E sabia do interesse de Andressa, esposa do Cachoeira, em morar lá, ainda que provisoriamente, enquanto não adquiria uma casa ainda maior. Ele buscou e achou um outro interessado na casa, o Walter Santiago. E aí costurou as pontas todas: se ofereceu para comprar a casa, depois disse que não tinha os recursos, mas que arrumaria outro comprador. Fechou o negócio com Santiago, na condição do empréstimo da casa por alguns meses. Vislumbrou a possibilidade de ganhar uma bela comissão, e de quebra agradar seus "dois chefes" (Marconi e Cachoeira). Para fechar o negócio com Marconi, pediu cheques pré-datados a Cachoeira (que cobriu esses cheques com recursos da Delta), e quando compensou o último cheque, providenciou a escritura para o Santiago. Que foi lá no palácio e pagou a casa à vista, acreditando que esse dinheiro ia direto para Perillo. Evidentemente o dinheiro teve outro destino, pode ter sido até devolvido, via Cachoeira, à Delta (ou não, isso não importa).  Do ponto de vista do Santiago, ele comprou e recebeu uma casa. Já o Cachoeira conseguiu um teto para a esposa, enquanto não arrumava coisa melhor. O Garcez faturou sua comissão, e fez acontecer um negócio bom para todo mundo, o que lhe conferia certo prestígio de lado a lado. E o Marconi?  Do ponto de vista do governador, ele vendeu uma casa, recebeu 3 cheques, não se deu ao trabalho de saber de quem eram (eu também não me daria a esse trabalho), assinou a escritura de compra e venda, declarou a venda à Receita Federal, usou os recursos da forma que achou melhor, e deu o assunto por encerrado. Onde cabe, nisso tudo, uma eventual má-fé do Marconi Perillo? Em lugar nenhum.


3) Os contratos da Delta em Goiás.


Gravações da Polícia Federal divulgadas recentemente mostram diversas conversas entre Carlinhos Cachoeira, Wladimir Garcez e Claudio Abreu (diretor da Delta), fazendo referência à venda da casa. Paralelamente, falam de créditos da Delta junto ao governo de Goiás, e de suas tratativas para a liberação destes recursos. Aos olhos dos algozes de Marconi Perillo, um prato cheio: o governador estaria "condicionando" o pagamento das faturas à propina representada pela venda da casa. As ilações estapafúrdias se sucedem num ritmo assombroso, como por exemplo a menção de um "ágio" de R$ 500 mil cobrado pelo Perillo. Ninguém explica a que se refere, exatamente, esse suposto ágio, nem quem a cobrou ou pagou. Mas os acusadores de sempre não estão interessados nos fatos: querem apenas apontar dedos, e deixar que os acusados se virem para explicar versões sobre os quais não tem sequer conhecimento. Como o Perillo poderia cobrar "ágio" num bem que era seu? Cobrar de quem? Como? Marconi afirma que recebeu R$ 1,4 milhão pela casa. Santiago afiram que pagou R$ 1,4 milhão. Onde está o ágio? Só se Santiago pagou mais do que os R$ 1,4 milhão declarados, mas aí não é problema do Marconi, e sim de quem recebeu este valor a mais. O Marconi sequer recebeu o valor pago pelo Santiago, em dinheiro! Em segundo lugar, não houve qualquer favorecimento à Delta, no caso dos pagamentos mensais dos contratos vigentes desde o governo anterior.  Marconi procurou manter os pagamentos em dia, assim como fez com todos, com muito esforço, dado a situação calamitosa de tesouro que herdou do seu antecessor. É normal que em pagamentos do governo, mesmo os pontuais, hajam atrasos, de origem burocrática. A Delta vinha recebendo normalmente, uma parcela mensal de R$ 3,2 milhões, referente à locação de veículos à Polícia Militar do Estado, desde o início do governo Marconi. Por que teria que "subornar" o governador para ter em dia aquilo que já tinha? Mas é perfeitamente natural que um empreiteiro se mostre preocupado com os valores que tem a receber e sua agilização, e que fale disso para seus contatos no governo. Qual o governante ou administrador que já não tenha sido "lembrado" por empreiteiros de que há uma fatura em atraso? Tentar estabelecer uma relação desse tipo de coisa com uma "remuneração" ao governador através da compra da casa dele, é fantasioso demais. Ainda se a casa tivesse sido vendida por valor muito superior ao de mercado, poder-se-ia imaginar algo do gênero. Não foi o caso. 


Nisso tudo, o máximo que se pode acusar o governador Marconi Perillo, é de dois pecados que, embora banais ao cidadão comum, podem ser fatais ao político, ainda mais cercado de inimigos: a excessiva confiança em seus subordinados e "amigos" e uma certa falta de malícia (no bom sentido) na condução de seus negócios particulares, enquanto governador de Estado. Tratarei disso em outro post.  De fato, o governador poderia muito bem fazer a releitura de "O Príncipe" de Maquiavel, e tirar dali lições preciosas. Ou, se quiser ganhar tempo, basta prestar atenção no que escreveu Voltaire: "Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos cuido eu!"




sábado, 14 de julho de 2012

E tem carta minha na VEJA dessa semana!


"Excelente a entrevista com o Presidente do Paraguai, Federico Franco. As palavras dele formam uma ilha de serenidade num mar de insensatez vindo dos países vizinhos. O Paraguai fez a opção certa, ao remover democraticamente o bufão Lugo do poder. Em vez de responder às ofensas gratuitas de Chávez e Kirchner, Franco ressalta seu compromisso com a normalidade democrática e seus laços com o Brasil. Deu uma aula de visão política e integridade. Já o Brasil perdeu mais uma grande chance de se destacar como liderança latino-americana e reconhecer o óbvio: a legitimidade do processo político de um país amigo e soberano. Que os paraguaios saibam que há inúmeros brasileiros que discordam da forma como o governo brasileiro agiu nesse processo. "
YANKEES, STAY HOME!

Deu na Veja:


Uma equipe de observadores da ONU na Síria conseguiu entrar neste sábado em Treimsa, depois de horas de negociação entre as partes em conflito. Na quinta-feira, a localidade foi sitiada e bombardeada pelas tropas do regime do ditador Bashar Assad. No ataque, que ocorreu com o apoio dos “shabiha” (milicianos pró-regime), morreram mais de 200 pessoas.  O exército sírio, no entanto, desmentiu a versão. Sustentou que enfrentou grupos terroristas que destruíram casas e cometeram assassinatos e sequestros.
 O negociador internacional da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, condenou as atrocidades e se mostrou indignado com os combates intensos, o número significativo de mortes e o uso de armas pesadas como artilharia, tanques e helicópteros.
Os observadores da ONU chegaram ao país em abril para supervisionar a aplicação do plano de paz do mediador internacional Kofi Annan. Entre os seis tópicos deste plano estão o fim da violência, a retirada de tropas das cidades, a libertação dos detidos em protestos e o início de um diálogo nacional. 
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse na sexta-feira em um comunicado que tudo parecia indicar que "o regime assassinou deliberadamente civis inocentes".
O presidente francês, François Hollande, advertiu nesta sexta-feira a Rússia e a China pela atitude destes países em relação à situação na Síria e disse que se estes dois governos continuarem a resistir a aprovar sanções contra Damasco, haverá "caos e guerra". A Rússia afirmou que vai usar o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU se o projeto de resolução sobre a Síria for apresentado.
O governo brasileiro expressou na sexta-feira preocupação e condenou o "uso de armamento pesado contra civis" por parte do governo sírio, exigindo o fim da repressão e o cumprimento do plano de paz proposto por Kofi Annan.

Pelo visto, os EUA se encheram do seu papel de "polícia do mundo". Se cansaram de mandar seus rapazes irem morrer pelo outros, para depois colherem apenas a censura internacional. Fazem muito bem. Agora, deixem por conta da ONU que, a rigor, não fará NADA. Os civis sírios seguirão sendo massacrados por um regime carniceiro e déspota que, curiosamente, tem amplo apoio da esquerda furibunda, principalmente aqui no Brasil. Pois eles que se entendam. Dessa vez, deixem o russos e chineses carregarem o ônus de milhares de mortes civis. Barack Obama mostra nessa, que não vai cair na armadilha ideológica internacional pela demonização dos Estados Unidos. Stay home, marines. E que se dane a Síria. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Da Agência Planalto: A presidente Dilma Rousseff afirmou hoje (12/07/2012), durante a 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília, que o desenvolvimento de uma nação deve ser medido pela capacidade de proteção às crianças e adolescentes, e não pelo Produto Interno Bruto.
"Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e para seus adolescentes, não é o Produto Interno Bruto, é a capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são as suas crianças e os seus adolescentes", disse.
A Dilma é uma comédia. Se o PIB estivesse crescendo 4,5% em 2012, conforme previsto há 50 dias pelo "iluminado" que recebe um salário acima do limite constitucional para dizer bobagens, ela estaria se gabando do feito. Como a realidade não se curva aos sonhos megalonanicos da ogra, ela, de forma "conveniente" tenta convencer a plebe rude que "PIB não é nada, o importante é o bem-estar das crianças e adolescentes". E os otários caem nessa. Batem palma pra louco. E o discurso oportunista e rasteiro "cola". Pelo menos na cabeça oca dos petistas engajados. O que ela "se esquece" de dizer, é aquilo que dispensa explicações macro-econômicas: sem crescimento do PIB ACIMA da taxa de crescimento da população economicamente ativa, não haverá EMPREGOS para essas "crianças e adolescentes" quando elas decidirem trabalhar. E se houver encolhimento do PIB, como parece que vai ser o caso já em 2012, além de não haver novos empregos, parte dos existentes vão para o espaço. E isso já está acontecendo: GOL demite 2.500, GM demite 1.500, Zona Franca de Manaus demite 4 mil. Isso é só o começo. Eu quero ver o discurso dos petitas engajados, quando estiverem na fila do seguro-desemprego. Quero ver os "77%" de aprovação. Claro que até lá vão inventar outra desculpa, talvez botar a culpa em alguém, que é o que o PT sabe fazer melhor. E os otários de sempre vão acreditar - ou, pior, vão ansiar pela volta triunfal do "Grande Líder" que salvará a todos. Não há falta de imbecis prontos a aplaudir mesmo sem ter o que comer. Na Argentina, na Venezuela, em Cuba, está cheio deles.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Amigos, eu tinha esse blog e nem sabia... eu criei em 2007 e havia esquecido inteiramente dele. Vou aproveitar e escrever sobre assuntos que acho interessantes. A política nacional, por exemplo. Me aguardem!