quarta-feira, 20 de abril de 2016



O mico é nosso!


E lá vai a Dilma nas asas do AeroDilma, rumo a Nova York. Vai em missão oficial, representando o Estado brasileiro, numa conferência da ONU, para assinar o Pacto de Paris, um compromisso das nações visando frear um possível desastre ambiental advindo de emissão de gases causadores do efeito estufa.

Até aí, tudo bem. Dilma fará um discurso de cerca de 30 minutos. Em tese, falará sobre o controle climático.

Mas já tem como certo que dedicará boa parte do seu discurso a louvar as "conquistas" do seu governo (um assunto que não tem nenhum interesse para a pauta da reunião) e, mais, vai "denunciar que está sendo vítima de um golpe de Estado".

A única conexão possível que consigo vislumbrar entre o meio-ambiente mundial e o impeachment da futura-ex-presidente é a sensível diminuição na poluição sonora que seu afastamento trará.

Ela fala as bobagens na ONU, mas quem paga o mico king-size são todos os brasileiros. As delegações presentes, mais uma vez, não entenderão bulhufas.

Tem que tirar logo essa "presidenta". O Brasil merece um pouco mais de seriedade, quando não de vergonha na cara.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

As Neo-Velhinhas de Taubaté



Sim, eu sei. A Velhinha de Taubaté morreu. O Veríssimo matou-a em 2005. Segundo o autor do crime, na verdade ela morreu vitimada pela decepção com seu ídolo, Antonio Palocci, em quem acreditava cegamente, e que destruiu as ilusões da sua fã ao chafurdar feito um Duroc calorento na lama do Mensalão. O coração da velhinha não suportou saber que todas suas ilusões foram implacavelmente assassinadas. Ela, que acreditava em  todo mundo, até no Lula, perdeu a vontade de viver. 

Mas, ao que parece, deixou uma legião de herdeiros. Desde maridos e esposas vítimas de traição e que não se convencem da infidelidade do seu par nem mesmo ao vê-los sair do motel com outra pessoa ("vai ver, só foram conversar!") até gente cujas convicções políticas lhes coloca uma venda nos olhos, enquanto os que lhes manipulam colocam uma cangalha nos seus ombros. 

Bem, chega de falar da Velhinha: afinal, seu criador, segundo consta, também faz parte da turma que ainda crê no inverossímil. 

Falemos dos "neo-velhinhas de Taubaté". Eu não consigo atinar o que possa ter havido com o discernimento dessa gente. Ando evitando tomar vacinas aprovadas pelo governo, porque na minha paranoia, desconfio que as vacinas possam conter um vírus que destrói o senso de ridículo das pessoas que tem predisposição a uma síndrome que denomino "SPSN" ou "Síndrome do Petista Sem-Noção". O que acontece com esse povo? 

Eles acreditam que Lula realmente não sabia de nada.
Eles acreditam que Dilma também não sabia de nada.
Eles acreditam que o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá não sejam, mesmo, do ex-presidente.
Eles acreditam que o crise econômica é causada pela .... oposição!
Eles acreditam que a Operação Lava-Jato é uma conspiração da CIA com a Rede Globo.
Eles acreditam que José Dirceu precisava mesmo daquela "vaquinha" para pagar a multa que lhe foi imposta na condenação do Mensalão.
Eles acreditam que Dilma e demais terroristas dos anos 60 e 70 lutavam pela democracia.
Eles acreditam que Lula tirou 40 milhões de brasileiros da miséria.

A lista é longa.... não dou conta de escrever tudo. No resumo da ópera, os que sofrem dessa síndrome acreditam naquilo que ouvem, da boca dos seus "líderes". Senso crítico? Pra quê? Desconfiômetro? Não! Um mínimo de senso de ridículo? Ridículo, para eles, é não crer nas palavras de um José Eduardo Cardozo, de um Rui Falcão, de um Jaques Wagner. Esses são os apóstolos do "Grande Líder", e suas palavras não podem ser contestadas e pronto. Desde que Dilma negou que tenha se encontrado com a ex-Secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para tratar da investigação da família Sarney, em 2009, uma mentira tão óbvia que clama aos céus, ela também entrou no Olimpo daqueles que, na visão dessa gente, são incapazes de contar uma mentira sequer. O estelionato eleitoral de 2014 nunca existiu, na cabeça dessa gente (bem, aqueles que perderam seus empregos desde então, uma legião de uns 3 milhões de cidadãos, talvez tenham se curado da síndrome porque, como diz o velho ditado francês dos tempos do Terror, "a visão do patíbulo aguça a mente". Mas nem isso é certo. O estrago cerebral que 13 anos de bazófia petista são capazes de provocar, ainda não foi adequadamente dimensionado). 

Essa semana, tivemos mais umas provas da existência dessa desconexão cerebral dos petistas com a realidade dos fatos. A votação, na Câmara Federal, para a admissibilidade do processo de crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff. O que se viu foi surreal. Primeiro, tentaram impor uma Comissão Especial submissa ao governo. E acharam que haviam conseguido, quando o STF se meteu onde não devia e produziu uma quimera jurídica absurda que impôs ao Legislativo, numa clara afronta ao princípio constitucional da separação dos poderes. O meu malvado favorito, Eduardo Cunha (longe de mim defender o deputado, quero que seja cassado tanto quanto qualquer um), como de bobo não tem nada, soube jogar o jogo do PT melhor que os petistas e emplacou uma Comissão que, se não era o sonho da oposição, também não tinha pendores pró-PT. A tigrada petista apostava na mediocridade do relator, o até-então obscuro deputado do PTB de Goiás, Jovair Arantes, um pacato dentista, para produzir um relatório inexpressivo, eivado de inconsistências e erros, que seria esmagado tanto no STF quanto na Câmara. Erraram, e erraram feio. O relator produziu um documento praticamente impecável, virtualmente blindado contra vigarices jurídicas dos "doutores" do PT. O Jovair foi fenomenal: teve o cuidado de remover do relatório toda e qualquer menção a acusações que extrapolavam as contidas no pedido de impeachment feito por Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr, e com isso abortou as tentativas canhestras da Advocacia-Geral da União (leia-se: Advocacia-Geral da Dilma) de impugnar o relatório. Mas nos debates da comissão, a que todos os deputados da Câmara assistiram, o libelo não ficou restrito às "pedaladas" de 2015 e a remanejamentos do Orçamento, crimes sem dúvida, mas que por si só dificilmente fariam 367 deputados votar "SIM" na noite de ontem. Não.. nos debates falou-se de tudo: das pedaladas de 2014 (que, por uma interpretação tresloucada da Constituição por parte do STF, foram consideradas "atos estranhos ao exercício do cargo"), à delação de Delcídio denunciando as tentativas de Dilma de obstruir a Justiça, passando por Pasadena e as conversas indecentes da Presidente com o seu "chefe" Lula. Tudo isso foi banido do relatório, mas não da mente dos congressistas. Como apagar? Impossível. E assim, livre das amarras jurídicas absurdas, os deputados puderam votar com conhecimento pleno de causa. Um lance de mestre, do "desprezado" Jovair Arantes.

Muito bem, mas falávamos da "síndrome". Voltemos a ela. Desde que saiu o relatório da Comissão Especial, e Eduardo Cunha marcou a data da votação no plenário, ficou claro que o governo teria dificuldades em barrar o processo. Reinaldo Azevedo, no seu blog da Veja On Line, chamou a atenção para esse fato. Os acontecimentos posteriores como a divulgação dos grampos telefônicos de Lula com a presidente torpedearam muitos apoios que o governo ainda tivesse. Ninguém chega a deputado federal sendo obtuso ou bobinho. Nem o Tiririca. A ala dos indecisos, que geralmente se notabiliza por votar com o governo em troca de um asfalto aqui ou um posto de saúde acolá (quando não presentinhos mais pessoais) viu que ia ficar difícil explicar aos seus eleitores uma opção por um governo inepto, corrupto (não que eles se importem com isso!) e principalmente falido, ainda mais em vista de uma possível cassação. Já pensaram? Como um deputado vai explicar que apoiou um governo morto, que nem mesmo conseguir se manter no poder? Na política, vergonha é perder, diz a "sabedoria" popular. O Estadão e a Veja montaram infográficos mostrando a intenção de voto dos deputados, baseados em opções declaradas por eles mesmos. E esses gráficos deixavam claro que o impeachment contava com algo como 320 votos, sobrando quase 100 indecisos ou que não declararam o voto. Ora, se 320 já tinham deixado claro que diriam "SIM", como imaginar que não haveria mais 22 entre esses 80 ou 90 restantes? 

Mesmo assim, imperou a "síndrome". Óbvio que não se pode esperar que um José Guimarães ou um Afonso Florence, do núcleo duro do PT, admitissem que iriam perder. Seria o mesmo que perder por antecipação. Eles tem o dever de mentir, não é? Mas entre mentir e ACREDITAR nessa mentira, deveria haver um fosso de bom-senso. E aqui entrou a "síndrome". A petezada ACREDITOU. O espírito da Velhinha de Taubaté ressurgiu do além e se apossou da mente da massa. Senão vejamos algumas afirmações extraídas de um dos principais blogs a serviço do petismo mais rasteiro, o "Brasil 247":

"Frente contra o Golpe é assinado por 186 deputados" (Leonardo Attuch)

"A Frente em Defesa da Democracia foi protocolada no Congresso com 186 assinaturas de deputados, 14 a mais do que o necessário para barrar o impeachment. Então, quem está mentindo para enganar a sociedade são os golpistas!" (Leopoldo Vieira)

"O golpe perde apoio - a oposição está longe de conseguir os votos na Cãmara" (Laurez Cerqueira)

"Golpistas perdem votos e o Brasil amanhece ao som de "Vira, Virou" (Brasil 247)

"O blefe dos 342 votos que eles não tem" (Alberto Cantalice)

"Movimento "Nem Dilma nem Temer tira 30 votos dos golpistas" (Tereza Cruvinel)

"O impeachment não passará na Câmara" (João Carlos Gonçalves, Força Sindical)

"Sem votos para o golpe, Cunha poderá adiar votação" (B247)

"Planalto garante que tem mais de 180 votos" (Brasil 247)

"Mais de 100 deputados já deixaram Brasilia e desligaram os celulares" (Roberto Requião)

"Já temos 179 votos garantidos" (Jaques Wagner)

"Governo virou a noite em vantagem" (Ricardo Berzoini)

Que os chefôes da organização criminosa que vai sendo escorraçada do poder afirmem essas besteiras e sandices, vá lá. Eles são pagos para isso.

O incrível é ver um monte de gente acreditando nisso, e depois vendo a realidade se impor: 367 votos a favor do impeachment, 25 a mais do que o necessário. E o governo, cadê os 180 votos? Viraram 137, mais 7 abstenções e duas ausências.

Agora, a ópera-bufa volta com força total: o PT já anuncia por meio de seus bate-paus de nariz marrom, que terá maioria no Senado para rejeitar a denúncia e salvar Dilma. De novo, a tigrada se anima, fala em ir às ruas, comemorar a vitória. De novo, serão desmentidos pelos fatos. Para tirar Dilma do poder por 180 dias, basta maioria simples (metade mais um dos presentes) no dia da votação. Dessa vez, o artifício de pedir (e pagar) para que congressistas faltem, não vai adiantar: vale o quorum do dia. Se tiver 42 senadores no plenário, o voto de 22 já manda Dilma para casa. Segundo a Veja, 45 senadores já se posicionaram a favor do impeachment. Alguém ainda alimenta dúvidas?

E será que alguém acredita que Dilma possa voltar, ao fim dos 180 dias de afastamento?

Nem a Velhinha de Taubaté. Desculpe, Veríssimo.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Por que eu ainda sou mais Aécio?


Estava abastecendo o carro esses dias, quando um cidadão veio puxar conversa, interessado em saber detalhes do meu carro, um respeitável Toyota com quase vinte anos de idade. Elogiou o carro, mas quis fazer uma graça: "o carrinho está bonito, mas esse adesivo aí atrás estraga tudo...". Ele se referia ao desbotadíssimo adesivo "Aécio 45" que trago colado no para-choque traseiro desde a eleição de 2014. Imaginei logo tratar-se de um petista, e não dei atenção (alguém mui sabiamente afirmou que discutir com petista é como jogar xadrez com pombo: ele vai fazer cocô no tabuleiro, derrubar as peças, estufar o peito e sair cantando vitória). De modo geral eu evito conversar com essa gente, que meu tempo não é tão farto assim, nem minha paciência. Mas ele insistiu: "Olha que eu não sou petista, mas o Aécio, hein? Que decepção!" Eu tenho uma certa ojeriza de gente que fala "Olha que não sou petista, MAS...".  Parece uma espécie de petista subliminar, nesses tempos em que ser petista traz consigo a obrigação de defender o indefensável. Não dei conversa. Terminei de encher o tanque, paguei e fui embora.

Uma vez em casa, a conversa me veio à mente. Por quê Aécio? E, mais importante, por quê NÃO Aécio? Mudou alguma coisa, desde 2014, quando acompanhei o mineiro na TV, na entrevista à Roda Viva, nos debates da campanha, durante os quais ele me passara tal impressão de solidez de princípios, aliada a um profundo conhecimento dos problemas do Brasil e cujas soluções me pareceram tão lógicas e racionais? 

Ah, sim... tem o "Petrolão", não é? Como os blogs sujos a soldo do PT não cansam de alardear, Aécio foi "citado" em várias delações premiadas, como sendo um dos destinatários das propinas pagas pelas empreiteiras. Para os petistas, as delações não tem credibilidade alguma, exceto quando servem a seus propósitos. Mas não vou ficar aqui refletindo em cima daquilo que o PT e seus áulicos pensam. É perda de tempo. O que me interessa não é o que a turma do Rui Falcão pensa, e sim o que EU penso. Afinal, essas "denúncias" fazem sentido? Aécio pegou dinheiro sujo de empreiteiras e de estatais? É apenas mais um dentre tantos políticos sujos desse Brasil?

Só há uma forma de saber, e tirar conclusões. Pesquisando os FATOS, de cada alegação, cada delação, e tentar usar a lógica para separar o joio do trigo. A verdade da mentira. Não sou dono da verdade, nem me iludo em achar que minhas conclusões sejam incontestáveis. Pode ser que algum dia surjam evidências irrefutáveis de que Aécio Neves seja um corrupto, um mentiroso e tudo aquilo que lhe imputam os mecanismos de assassinato de reputações manuseados pelo petismo. Pode ser. Mas HOJE, eu quero analisar cada denúncia à luz fria da razão e da lógica. e formar a MINHA convicção. Com base em fatos. 

O Senador Aécio Neves foi citado em quatro delações premiadas, de agentes envolvidos no escândalo do Petrolão. Vou abordar cada uma delas, e dali extrair o meu juízo de valor. É o meu tribunal particular, e nele as firulas e chicanas jurídicas não entram. Valem os fatos e a lógica.

1) Um dos primeiros réus da Operação Lava-Jato, Alberto Yousseff, declarou em delação premiada, que "ouviu dizer" através do deputado José Janene (PP), hoje falecido, que Aécio Neves teria recebido propina por intermédio de sua irmã, de uma empresa contratada de Furnas S.A. (uma estatal do setor de energia elétrica), entre 1994 e 2001. Há gravação desse depoimento no Youtube, o que desmonta as afirmações mentirosas da blogosfera comandada pelo PT, que tenta vender a versão segundo a qual o Yousseff teria acusado Aécio de receber propina. Ele afirma, ipsis litteris, que "ouviu dizer". O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, a quem se pode acusar de muita coisa menos de ser tucano, deu parecer recomendando o arquivamento desse trecho da delação, por absoluta falta de indícios consistentes. O relator da Lava-Jato no STF, Teori Zavascki, outro que não guarda qualquer apreço especial por tucanos, arquivou o inquérito. Ponto.

2) Um segundo delator da Lava-Jato, o "entregador de dinheiro" Carlos Alberto da Souza Rocha, vulgo "Ceará". afirmou em delação premiada que, em 2013, ao entregar 300 mil reais enviados por Yousseff à empresa UTC Engenharia, teria conversado com um diretor da empresa de nome "Miranda", que lhe dissera que o dinheiro seria "para o Aécio". Segundo o delator, ele teria estranhado o fato da UTC pagar propina para um político do PSDB, já que o partido não tinha nenhuma influência na Petrobras. Ainda segundo ele, o Miranda lhe disse que a UTC dava dinheiro "para todo mundo, situação e oposição". Interrogado a respeito, Yousseff afirmou categoricamente que nunca mandou entregar dinheiro para Aécio Neves, e que o diretor da UTC mencionado não teria como afirmar isso, uma vez que ele não sabia para quem seriam os valores recebidos.  Ouvido, o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, confirmou que nunca houve entrega de dinheiro de propina para o tucano. Note-se que o citado delator também afirmou que entregou dinheiro para o ex-governador de MG Antonio Anastasia (PSDB) e até para um dos mais combativos políticos brasileiros, o Senador Randolfo Rodrigues (Rede-AP) que, a exemplo dos demais, também não tinha nenhuma influência na Petrobras. A Polícia Federal investigou a denúncia envolvendo Anastasia, e comprovou ser caluniosa. Novamente, o Ministério Público Federal, por total falta de quaisquer indícios concretos, pediu o arquivamento, a Teori atendeu o pedido em março de 2015. Ponto.

3) Mais um delator da Lava-Jato, o lobista Fernando de Moura, muito ligado a José Dirceu, citou o Senador Aécio Neves. Segundo Moura, ele ouviu de José Dirceu que Aécio comandaria uma diretoria na estatal Furnas, através de um apadrinhado seu, Dimas Toledo, então Diretor. Que os valores arrecadados por Toledo seriam divididos em três partes, sendo um terço para Aécio, um terço para o PT nacional e um terço para o PT de São Paulo. Disse mais: que Toledo teria sido mantida à frente da Diretoria de Furnas, por Lula, que "atendeu um pedido pessoal de Aécio". 

Esse depoimento de Fernando de Moura é curioso. Ele prestou três depoimentos à Polícia Federal. No primeiro, não citou Aécio Neves. Mas fez pesadas acusações contra José Dirceu. No segundo, retratou-se das acusações contra José Dirceu, mas seguiu sem mencionar Aécio Neves. E no terceiro, voltou a acusar José Dirceu, mas incluiu Aécio. Confrontado com as versões conflitantes, o depoente disse que se sentiu ameaçado, tendo sido abordado por um estranho na rua, alegação que foi desmontada pela PF após conferir gravações de video do local. Há outras incongruências. Alguém, em sã consciência, consegue imaginar Aécio Neves, líder da oposição que fora derrotado por Lula em 2002, pedindo para o recém-empossado Presidente, para manter um apadrinhado seu no cargo, para garantir uma fatia de propina? Alguém consegue imaginar o recém-empossado Presidente Lula concordando com esse esquema? Para favorecer um opositor? Mais: alguém, dotado de mais de um neurônio, consegue imaginar o PT não usando esse trunfo, na eleição de 2014, quando havia real risco de Aécio vencer? Note que essa "denúncia" nada mais é senão uma versão da primeira, ligada a Furnas, que roda por aí desde que a tal "Lista de Furnas" surgiu das mãos de um notório falsificador e estelionatário, há mais de dez anos. Atualmente, o Ministério Público analisa se cancela o benefício da delação premiada do Fernando de Moura, pelas mentiras e inconsistências gritantes ali contidas. Lula, por outro lado, poderia contribuir para o esclarecimento da questão, confirmando ou negando que Aécio tenha mesmo lhe pedido para manter um esquema corrupto a seu favor em Furnas. Se confirmar, Lula, é claro, assinará uma confissão explícita de que sabia do esquema criminoso em Furnas, e mais, que compactuou com o rateio do roubo, sendo 2/3 para o seu partido. Duvido que o fará - embora os blogs sujos façam a festa com a suposta denúncia, naquilo que atinge o Aécio Neves. A meu ver, a citação não vale uma nota de três reais. Ponto.

4) Na sua delação premiada, o Senador Delcídio do Amaral voltou a sacudir os ossos da tal "Lista de Furnas", ao afirmar que "ouvira dizer" que havia um esquema de propina em Furnas. Questionado sobre quem teria recebido valores de Furnas, Delcídio afirmou textualmente que "não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos, e que um dos beneficiários sem dúvida foi Aécio Neves". Delcídio não soube dizer valores. Delcídio não soube dizer como foi feito o pagamento. Quem pagou (porque é irreal imaginar que um diretor passe no caixa de uma estatal gigantesca e mande sacar alguns milhões em espécie, não é? Para isso usam-se operadores, tipo Alberto Yousseff. Que já negou que tenha pago qualquer valor a Aécio. Quem pagou, então?)? De onde veio o dinheiro? A propina foi paga em troca de quais contratos, e por quais empreiteiros ou fornecedores? Delcídio não soube dizer nada disso. Em outras palavras, é pura fofoca, "ouvi dizer", e sempre ligada à tal "Lista de Furnas". Que, por sinal, Delcídio também acusa de ser falsa. Onde está a verdade? Ponto final.

É claro que toda denúncia precisa ser investigada. Fosse eu o Aécio, enviaria ofício a Rodrigo Janot, PEDINDO para ser investigado. Porque a investigação, ao mesmo tempo que tem o poder de condenar, também confere atestado de idoneidade àqueles que isenta de acusação. 

De minha parte, dentro da minha inteligência e do fundo do coração, creio firmemente que há um processo de assassinato de reputação em curso, nos moldes daquele esquema usual do PT, de denúncias vazias e dossiês fabricados por aloprados, tantas vezes empregado no passado. Aécio representa a única ameaça real ao projeto de hegemonia dessa organização criminosa chamada PT, que fincou suas garras no Estado brasileiro, e o sangra dia a dia. Torna-se, assim, o alvo preferencial de suas armações. E essas denúncias tem jeito, cara e cheiro de armação.

Segundo a última pesquisa DataFolha, Aécio despencou de 27% para 17% nas intenções de votos dos brasileiros. Certamente boa parte dessa queda é fruto desse trabalho de desconstrução caluniosa movida pelas franjas do petismo. Lula lidera com 23%, e Marina vem a seguir com 19%. Se esses números representam fielmente a vontade dos brasileiros, Aécio ficaria fora do segundo turno, se a eleição fosse hoje. Teríamos a indigesta tarefa de escolher entre Lula, cujos atributos cabem melhor num prontuário policial do que num currículo, e Marina, a dissimulada política que se diz anti-política, e que espera que o Brasil lhe caia no colo justamente por isso. O fato de Lula ter 23% das intenções de voto já me soa algo totalmente alienígena. Depois de tudo, depois de tantas mentiras, tantas demonstrações de absoluto desprezo às regras mais comezinhas de ética, um em cada quatro brasileiros ainda querem ser governados por essa pessoa? O Brasil no fundo do poço, que foi cavado por ele, e o pessoal quer mais disso? Me poupe. Por outro lado, Marina. O que nos espera com a Marina presidente? Ela terá o estofo para enfrentar o desafio de tirar o Brasil do fosso em que o PT nos meteu? 

Meus caros... o adesivo segue lá. Chega de tanta mediocridade, tanta sacanagem. O Brasil precisa de um governo de verdade, sério, honesto e sobretudo competente. A meu ver, Aécio ainda representa o que eu quero para meu país. E enquanto não me provarem o contrário, o adesivo AÉCIO 45 seguirá no meu carro.  









terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Deadly Toys for an Insane Child



“Those who cannot remember the past are condemned to repeat it.”
George Santayanna, “The Life of Reason”, 1906

World War I ended on November 11th, 1918. At the cost of 17 million lives, the world finally came to peace – at least for two decades. Several military paradigms were set during the conflict, such as the growing importance of air power and the supremacy of two of the planet’s ultimate war machines: the submarine and the dreadnought, or heavy battleship. Curiously, the first two ended up making the mighty battleships that ruled the seas until the Second World War, obsolete and vulnerable. But during the first half of the century, the battleship was viewed as the most powerful military asset a nation could have. As thus, the Versailles Agreement signed by the victorious Allies in June, 1919, effectively forbade Germany from possessing any of these strategic weapons. Residual German navy assets were limited to ten Deutschland-class battleships with maximum 10 thousand ton displacement and 6-inch guns for coastal patrol. No submarines were allowed. No military aircraft were allowed. No tanks were allowed.

Of course, Germany was also obliged to sign Article 231 of the Treaty, which imposed payments of reparations to its former enemies, amounting to more than US$ 440 billion in today’s dollars. Considering the fact that Germany emerged from the war with its economy in shambles, it is easy to see why the financial penalties crippled any efforts to rebuild the country. Germany foundered economically and socially in the 20's, with hyperinflation, unemployment and despair – accompanied by a general perception that the terms set out in the Treaty were far too harsh, as stated by Sir John Maynard Keynes. Ultimately, the popular unrest brought about by the payments gave rise to a political party that promised Germans that this burden on the country’s economy would be cancelled – by force, if necessary.  The party was the National Socialist Party (“Nazi”) and its leader,  Adolf Hitler, had already written in 1922 in his book “Mein Kampf”, that if he ever came to power, Germany would denounce the Versailles Treaty and regain world power status. Hitler was elected Chancellor in 1933. What happened after that is well-known history.

What should be noted, however, is that Germany never really followed the naval power restrictions set forth in the Treaty.  As early as 1921, covert operations in Finland and Holland were designing two new classes of submarines (which would become the I and II class of U-boats, the plague of sailors in the north Atlantic during the Second World War), and the battleships that replaced the ageing fleet of survivors from WW I did not respect the 10 thousand-ton limit, nor the 6-inch caliber limit on their guns. Under the very eyes of Europe and the United States, Germany was rebuilding its military clout – and nothing happened. A german, Carl von Ossietzky, revealed the country’s secret military rebuild in 1931. Despite earning a Nobel Peace Prize for his efforts, von Ossietzky was imprisoned, tortured and eventually killed by the Nazis. The British government did nothing to stop Germany from disregarding the terms established by Versailles. The French complained but likewise did nothing. The United States solemnly ignored what was going on in Germany.  Hitler came to power in 1933, and promptly denounced the entire Versailles Treaty – as he had promised to do ten years earlier. He correctly presumed that neither England nor France would risk starting a war over a draconian treaty signed in the aftermath of World War I. The League of Nations, created in 1920 in an effort to avoid future conflicts such as those which culminated in the First World War, reprimanded Germany for ignoring arms limitations of the Treaty, but nothing else. In 1935. Britain and Germany, quite incredibly, signed the Anglo-German Naval Agreement, allowing Germany to substantially increase its navy, although setting a proportion of tonnage between British and German fleets. Of course, it also was blatantly ignored by the Germans. In September 1939 Hitler invaded Poland, and in less than six years, 60 million people would die due to the conflict. The human race had not learned from experience, once again.

The big question is: if the three major powers that defeated Germany in the First World War had effectively stopped Germany from building ever more powerful battleships, submarines and warplanes, would the Second World War ever happened? Would 60 million lives had been saved?  If the League of Nations (nowadays called United Nations) had been more than a voice, and instead had taken measures to curtail the Nazi’s drive to rebuild military supremacy, would Hitler ever had dared to invade Poland? Given Hitler’s madness, we may never know for sure. But one thing is certain: without U-boats, bombers, tanks or battleships, Germany would have been defeated in less than a year of war. How many Jews would have never known the horrors of Auschwitz or Treblinka?

One would have thought that mankind, finally learned the lesson: there is no negotiation with madmen. You do not “strike a deal” with psychopaths. You do not sign agreements with them, unless you have the power to curb their schemes, uncover their lies, expose their plots and, most of all, stop them before they start killing people on an industrial scale.  Psychos simply do not reason in the same way that normal people do.  In 1962, John F. Kennedy and Nikita Khrushchov managed to avoid mutual annihilation because neither of the two was insane. On the brink of nuclear war, the soviet leader remembered that he, too, had a family. Both sides backed down, and the world lived to see another day. But what if Khrushchov were a nutcase? What if he didn’t give a rat’s ass about killing children?  

The only way of dealing with lunatics hell-bent on destruction is by showing them that their actions will NOT be tolerated, and that if they desire to “pull a tiger by the tail”, they must know that the other side of a tiger has a formidable array of teeth to deal with. Threats do not work with lunatics, sorry to say. You do not give a loaded gun to a insane person, or let him have one. Simple as that.

A couple of months ago, North Korea detonated what they called a thermonuclear bomb, also known as H-Bomb. It is unclear if the artifact did or did not achieve full hydrogen bomb status. In my view, the argument is moot. The North Koreans, led by a clinical-case psychopath who has vowed to destroy its enemies by any means possible, has detonated a nuclear weapon. The United Nations protested. The American government protested. Almost every civilized country in the world protested. So what? Kim Jong-Un sent his best regards and continued his efforts to become the dictator of a nuclear power. A boobyhatch nuclear power, which is worse.

The United States, despite its vehement protests, did nothing. Of course: without the means to deliver a bomb to its targets in the U.S., North Korea represented a menace only  to its neighbors, right? South Korea, Japan, Taiwan and even China are the targets? Let them take care of the lunatic. Americans are safe, out of range of any missile Pyongyang can fire. Right?

Wrong.

A few days ago, North Korea launched a rocket that (according to N. Korean officials, oh so trustworthy) put an earth-reconnaissance satellite in orbit. American intelligence admitted that the rocket achieved orbit altitude. One is led to wonder what possible use North Korea would have for whatever they put in orbit. Probably nothing important. That is beside the point. The point is that North Korea now has intercontinental ballistic missile capacity – or almost. Experts have stated that putting a missile into orbit is one thing, getting it to re-enter the atmosphere without burning up in the process is another. And hitting a target, still another. But given Pyongyang’s progress in this field, who dares to doubt that developing this technology is just a matter of time?

So, at the end of the day, North Korea is knocking on the door to Doomsday Club. And knocking real loudly. Some countries use their nuclear capacity as deterrents to aggression. No one in his sane mind would ever consider using the damn things, right? It’s just not good for business, so to speak. Thousands of innocent civilians dead or dying, radioactive fallout… the press headlines would be terrible. Not a single government would hold its act together after using a nuclear bomb. Not after Hiroshima and Nagasaki. But… what about Kim Jong-Un? He doesn’t really care if a couple hundred thousand of his fellow countrymen get nuked – as long as he nukes somebody first. In a more optimistic view, he will use his nuclear capacity as blackmail. “Lift sanctions or face oblivion, you imperialist pigs!”. Kim Jong-Un has repeatedly stated that South Korea’s effort to broadcast into North Korea is “an act of war”. What if he threatens his neighbor with annihilation, even if at the cost of his own?

And, seemingly, he soon will wield the power to threaten the U.S.  What are Americans supposed to do now? Clean out all those nuclear shelters they built in their backyards during the 60’s?

The lesson was taught twice in the last one hundred years. Do not trust crazy people. Do something about it.

It is time the United States had a hard talk with its Russian and Chinese counterparts, and showed them that if North Korea is left unchecked with its atomic weapons program, mankind is at risk. And then, no more talk. Just take that capacity away. It might be a public relations nightmare, but the alternative is worse.  Much worse.

Let’s see if people get the lesson right this time. Before it is too late.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Calhaus e Montanhas


Há um ditado popular, de origem desconhecida, que afirma que não tropeçamos em montanhas, mas sim em calhaus. A frase me veio à mente hoje, quando li o noticiário acerca das estrepolias da famiglia Lula da Silva no Guarujá e em Atibaia.

No que concerne o Guarujá, já foram tantas versões, idas e vindas na disputa da não-propriedade do famoso apartamento triplex 164-A do Edifício Solaris na bela praia das Astúrias, que sinceramente, parece algo orquestrado para confundir ou matar de tédio qualquer pessoas que tente acompanhar o caso. Lula, que só se pronuncia através do Instituto que leva seu nome, sempre na terceira pessoa, já admitiu, no passado, ser dono do apartamento. Depois, negou ser o dono. Depois, admitiu que poderia vir a ser o dono. Depois, disse que nunca foi dono de apartamento, mas apenas de uma cota da tal cooperativa habitacional dos bancários, que, talvez, quem sabe, lhe desse o direito de comprar, uma dia, um apartamento. Depois, alegou que além de nunca ter sido o dono, também tinha desistido de comprar o tal imóvel (isso já no final de 2015, quando a encrenca estava toda nos jornais). Fica difícil saber em que situação estavam, a cada momento da narrativa desconexa, Lula e dona Marisa, em relação ao tal triplex. Deve ser um dos únicos casos na história universal em que alguém, podendo comprar um apartamento que vale uns dois milhões de reais, se recusa a admitir que ele era seu pelo valor (atualizado) de 286 mil reais. Ou seja, hoje há um belo apartamento triplex, de frente para o mar, totalmente equipado ao gosto da família do ex-presidente, comprado por 286 mil reais e "devolvido" por um valor inferior a isso, e que aparentemente não tem dono. Ninguém quer ser o dono do tríplex. O imbróglio assume ares de chacota, algo que lembra um sketch antigo da Rede Globo, em que Agildo Ribeiro, com os óculos fundo de garrafa e voz anasalada que faziam dele uma paródia perfeita do notório Paulo Maluf, afirmava categoricamente que um monte de dinheiro encontrado na sua maleta "não era dele". Os bate-paus a serviço do lulismo ecoam as sucessivas versões apresentadas sem qualquer vestígio de rubor nas faces, e todos, sem exceção, pedem "provas" de que o famigerado apartamento seja de propriedade de Lula. Como se operações envolvendo laranjas deixassem documentos comprobatórios voando por aí. Contratos de gaveta, afinal de contas, costumam morar justamente nas gavetas, longe dos olhos de curiosos.

Então ficamos assim: Dona Marisa adquiriu o direito de comprar um apartamento no edifício Solaris, por 286 mil reais em valores atualizados. A não-proprietária do apartamento 164-A visitou o imóvel que não era dela em companhia do marido e do presidente da empreiteira que assumira o término da obra a pedido de Lula, quando a cooperativa que vendeu a tal "cota" foi à lona, saqueada por seus diretores petistas. Eles não visitaram o apartamento 45-C, ou 115-B, ou outro qualquer. Visitaram apenas o 164-A, aquele que "nunca foi" deles. O presidente da empreiteira travestido de corretor de imóveis, Leo Pinheiro, em seguida ordenou uma reforma completa no imóvel novo, para deixá-lo ao gosto de seus não-donos, nos mínimos detalhes. A obra incluiu a instalação de elevador privativo, construção de deck da piscina, troca do porcelanato e instalação de uma moderníssima cozinha Kitchens. Dona Marisa, a não-proprietária do apê, acompanhou de perto as obras, acompanhada do filho Fábio. A conta? Perto de um milhão de reais. Tudo bancado pela OAS, a empreiteira de Leo Pinheiro, que hoje é réu na Operação Lava-Jato, acusado de pagar propina para uma multidão de políticos e executivos da Petrobras. Não há notícia de que a OAS tenha feito alguma oferta do triplex ao casal Lula, já incorporando o valor das módicas benfeitorias introduzidas. Depois de concluídas as obras, dona Marisa e família foram lá e constataram que "não queriam mais o apartamento" porque, segundo o Instituto Lula, eles "não teriam sossego" lá. E a reforma, dona Marisa? Põe na conta do abreu, digo, do Leo. Com o caso já ganhando ares de escândalo, e a Operação Lava-Jato a pleno gás, o casal então faz um ofício à Bancoop (que além de falida, nem dona do imóvel é mais), devolvendo a "cota" e pedindo a devolução do valor pago, em 36 parcelas, com o desconto de 10%. Quanto desprendimento, não? Se eu soubesse, teria pago o valor ao casal Lula à vista, sem o desconto, para ter o direito de comprar o apartamento que vale mais de dois milhões de reais, pelo preço da "cota". Suponho que o triplex agora pertença à Bancoop. Sigo esperançoso. Quem sabe eles me vendam?

Já com relação ao sítio de Atibaia, a coisa ganha ares de pastelão. Segundo a versão oficial, o sitio pertence aos dois sócios do filho mais velho de Lula na Gamecorp (aquela, lembram?), Jonas Suassuna e Fernando Bittar. Que compraram o sitio em outubro de 2010, com Lula ainda Presidente da República. Quem cuidou dos detalhes do contrato de compra? Ora... o advogado Roberto Teixeira, que é também compadre de Lula. Aparentemente, os dois compradores "formais" não são muito ligados na vida campestre, porque não há registro de que frequentem o lugar. Lula, por outro lado, esteve lá nada menos do que 111 vezes. Parte da mudança do já ex-presidente foi levada pela transportadora Granero não para o apartamento de Lula em São Bernardo, mas para... Atibaia. O sítio entrou em reforma logo após a compra, com a reconstrução total das residências, adição de um galpão, campo de futebol, churrasqueira e, claro, um lago artificial abastecido de tilápias para quem aprecia uma boa pescaria. Lula é um adepto do esporte relaxante, tanto que sua mulher comprou um barco de alumínio e mandou entregar no sítio - dos outros - para o lazer pesqueiro do marido. A cozinha do sítio foi equipada com utensílios e móveis adquiridos na mesmíssima loja da Kitchens que forneceu a cozinha planejada daquele triplex que nunca foi da familia Lula, assim como o sítio. E quem pagou a conta? Ora, o amigo do peito Leo Pinheiro! Segundo o advogado criminalista contratado por Lula, é possível que Leo Pinheiro, numa visita ao sítio, tenha se compadecido com a simplicidade espartana do lugar, e mandado fazer a reforma toda (só de materiais de construção adquiridas numa loja da região, foram cerca de 500 mil reais). O engenheiro responsável pela obra, do quadro da Odebrecht, outra empreiteira enrolada no escândalo do Petrolão, afirmou que acompanhou a obra "nas férias", e que nada cobrou pelo trabalho. E quem pagou pela reforma toda? É confuso: numa versão foi a Odebrecht, em outra, a OAS. Nada mais natural, sendo as duas empreiteiras baianas praticamente irmãs siamesas na longa lista de crimes sob investigação do Ministério Público Federal e do Dr. Sérgio Moro. A questão não gira em torno disso, mas sim de que motivo poderia levar uma empreiteira com vultuosos negócios com o governo federal a pagar uma reforma num sítio pertencente a duas pessoas que lhe eram completamente desconhecidas. A pista para desvendar o mistério foi dada pelo ex-chefe de gabinete do governo Lula, Gilberto Carvalho, numa entrevista curiosa dada ao Jornal Nacional, ontem. Segundo o ex-ministro, mesmo que a Odebrecht tenha de fato pago a reforma, isso seria a coisa mais natural do mundo, mesmo porque o sitio não pertence, "formalmente" ao ex-presidente. Nas palavras de Carvalho, "É a coisa mais natural do mundo que você possa ter empresas contribuindo com essa ou aquela pessoa. E Lula já estava fora da Presidência na maioria desses casos. Estando fora da Presidência, Lula pode receber. Qualquer pessoa pode dar um presente que quiser a ele".

A fala do Gilberto Carvalho é preciosa, porque embute em si uma confissão velada. Ou melhor, duas. Primeiro, ao usar o termo "formalmente", o ex-ministro deixa entrever que "de fato", o sítio é mesmo de Lula. Afinal, seria absurdo imaginar que um cidadão visite uma propriedade que não lhe pertence 111 vezes, mande fazer uma reforma geral na tal propriedade que não lhe pertence, e compre um barco (de pequeno valor, admito) e mande entregar no sitio que não lhe pertence! Segundo, estabelece uma ligação umbilical entre Lula é duas empreiteiras atoladas até o pescoço na roubalheira ocorrida na Petrobras, fato já afirmado em delações premiadas de boa parte dos implicados no escândalo. E mais: a reforma teve início com Lula ainda Presidente. Configurado que as benfeitorias se destinavam a ele, o caso se enquadra na Resolução número 3, de 23 de novembro de 2000, que regulamentou o Código de Conduta da Alta Administração Federal e que veda, de forma expressa, o recebimento de quaisquer presentes oriundos de empresas que possuam negócios com o Governo Federal. E agora, meu caro "santo"?

É um fio da meada importante. Até porque pode, se puxada com inteligência, revelar outros mistérios da história recente brasileira, tais como a atuação do Lulinha na negociação com a Oi, que fez dele um milionário da noite para o dia, e que foi seguida, três anos depois, com uma providencial alteração na Lei Geral das Telecomunicações que permitiu a aquisição da Brasil Telecom pela Oi, até então proibida. E quem assinou o decreto alterando a Lei? Ele mesmo...  A Polícia Federal e Ministério Público talvez se interessem em entender essa relação fraternal entre o primogênito de Lula e seus dois sócios, tão fraternal que permite que o ex-funcionário de zoológico e agora milionário more de graça no belo apartamento de Jonas Suassuna nos Jardins, avaliado em mais de R$ 6 milhões. Como dizem, amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito...

Voltando ao calhau, em 1992 coube a uma modesta perua Fiat Elba ser a pedra na qual Fernando Collor tropeçou para o impeachment. Ele podia comprar uma centena delas, sem se abalar. Afinal de contas, o homem tem uma Lamborghini na garagem da casa da Dinda. Mas o fato é que não comprou. Ganhou. E o carrinho acabou funcionando como a evasão fiscal funcionou para Al Capone: o crime menor, que permitiu que o autor de crimes muito maiores fossem enfim punido.

Em 2016, talvez um barquinho de alumínio de 4 mil reais possa ser o calhau de Lula. Ele tem se evadido das montanhas de evidências com uma arrogância que beira o escárnio. Poderia comprar um, dois, dez sítios e apartamentos triplex. Faturou quase 30 milhões em "consultoria" desde que deixou (deixou?) a Presidência. Mas essa gente não pensa assim. Se há uma fresta por onde possa "se dar bem", não deixam de aproveitá-la. Essa mesma esperteza poderá se revelar fatídica para sua carreira política, sua auto-proclamada "santidade" e até mesmo sua liberdade. O tempo dirá. Como disse Tancredo Neves, citando um provérbio lusitano: "A esperteza, quando é muita, cresce e come o dono".  




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Nazismo à gaúcha


Existe uma "etiqueta" informal no que concerne os debates sobre qualquer assunto. Todo aquele que já entrou na arena de discussão da internet, por exemplo, a conhece bem. São regras simples: quem apela para xingamentos, perdeu, quem se limita a corrigir a gramática alheia, perdeu, quem tenta estabelecer silogismos toscos, perdeu. 

Outra regra, menos conhecida mas igualmente válida, reza que quem apela para "nazismo" ou "fascismo" para qualificar o outro, mostra uma pobreza de argumentação que beira o patético. Nazismo é coisa séria. Nazismo é crime, e é muito bom que seja. Embora uns e outros tentem menosprezar o horror que o nazismo criou no mundo durante mais de uma década, ele jamais pode ser esquecido ou relegado a uma adjetivação vulgar. Já nos basta a vergonha que passamos por termos um Ministério da Relações Exteriores que se alinha ao que existe de mais chulo no planeta, e que acaba de fazer alusão ao Dia do Holocausto sem sequer mencionar os judeus. Que recusa um embaixador israelense por não concordar com a postura dele sobre um assunto geopolítico, mas não tem os mesmo zelo com diplomatas de países que tem como objetivo declarado a extinção do Estado de Israel, e/ou que suprimem toda e qualquer liberdade democrática. 

Assim, eu sempre vejo uma acusação de "nazismo" com repúdio, principalmente quando ela vem desacompanhada de argumentos válidos. 

Li hoje que Tarso Genro, ex-governador petista do Rio Grande do Sul, foi ao Twitter afirmar que a imprensa livre, que ele chama de "cartel" (o que já é um absurdo completo) pratica "nazismo" no seu tratamento ao ex-presidente Lula. Citou a Veja, o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e O Globo. Segundo ele, essas publicações perseguem o ex-presidente, não por eventuais crimes que cometeu, mas porque simboliza um cantinho para os "de baixo na democracia".

Que o Sr. Tarso Genro tenha lá seu conceito muito particular sobre o papel da imprensa numa democracia, vá lá. Para petistas, imprensa boa é aquela que é a favor. A outra, aquela que não se submete aos encantos da proximidade com o Poder, essa não presta. Tudo bem.

Mas tentar traçar um paralelo da atuação de órgãos da imprensa com o nazismo, chega a ser asqueroso. O ex-governador, além de relativizar o caráter hediondo do nazismo, tenta colar na imprensa não-cooptada um rótulo que, na hipótese de ser usado (o que desaprovo), serve melhor para qualificar as ações do PT e do governo comandado pelo partido. Ao rotular a imprensa como "nazista", Genro a criminaliza. E, por conseguinte, prega a sua extinção ou censura - porque quem comete crime tem que ser impedido, certo? É mais um arroubo liberticida dessa gente que não suporta a controvérsia, se ofende com fatos, acha que não cabe à imprensa investigar nada e, caso descubra, que se cale. O PT é pródigo na tentativa de calar a imprensa que não lhe presta vassalagem. Já tentaram muitas vezes, e seguem tentando. Não conseguem impor abominações como "Lei de Meios" e outras formas de censura, porque não tem cacife político para tanto. Senão, já teriam feito.

Senhor Tarso Genro, os nazistas não gostavam da imprensa livre, o senhor sabia? Uma revista como a Veja não ficaria 24 horas funcionando em Berlim de 1938, antes de ser empastelada pelos agentes da Shutzstaffel, a famigerada SS. Seus editores e redatores seriam fuzilados, por fazerem crítica. E Hitler ou Goebbels certamente diriam que eles foram mortos porque perseguiam o Grande Líder, "não pelos crimes que cometeu", mas porque ele "simboliza um cantinho para os de baixo na democracia". Sim, senhor Genro, a proposta do Führer era essa; "salvar os pobres da Alemanha da sanha dos judeus". Era empulhação, como se viu. Da mesma forma que a empulhação que vemos agora. "Cantinho aos "de baixo"? Me poupe, senhor Tarso Genro.  

Pode ser que o ex-governador pense mesmo que jornais como Estadão, Folha, O Globo e revistas como a Veja odeiem, por alguma razão estranha, os "de baixo", e façam de tudo para impedir-lhes "um lugar na democracia". Eu sinceramente duvido que ele acredite nisso. Mas a frase soa como música aos ouvidos dos boçais que preferem não ver a roubalheira escancarada que o PT instalou nesse país. Eu e milhões de outras pessoas pensamos diferente. A nosso ver, a imprensa "persegue" Lula e seus sequazes, porque ALGUÉM precisa ter a coragem de fazer isso, já que a Justiça desse país parece que se acovardou diante do "Grande Líder". E porque estamos cansados, fartos, exaustos, de tanta roubalheira, tanto abuso, tanta impunidade. E isso nada tem a ver com nazismo - muito pelo contrário.

(na foto, uma cena da Reichskristallnacht, a "Noite do Cristais" de 1938)




domingo, 31 de janeiro de 2016



E Lula, quem diria, virou índio...



Aos poucos, os milicianos disfarçados de blogueiros vão rendendo-se ao que parece inevitável: Lula será, em algum momento, denunciado formalmente por crimes que vão desde a corrupção passiva, lavagem de dinheiro até tráfico de influência. Blogueiros habitantes da esgotosfera a serviço do petismo já dão como favas contadas a instauração de inquérito, denúncia e eventual prisão do chefe supremo do petismo. Hoje, Lula está na mira de nada menos de três esferas judiciais, no caso, a Operação Lava-Jato, a Operação Zelotes e uma investigação do Ministério Público de São Paulo. Cabe notar que o apedeuta não goza de nenhum tipo de "vantagem legal" por ser ex-presidente - ele pode ser investigado sem autorização do STJ ou STF, e pode ser denunciado por qualquer instância do Poder Judiciário, como qualquer cidadão comum suspeito de crimes. O que vai determinar o foro da investigação e do julgamento é a natureza dos delitos, e não algum foro privilegiado do suposto autor. Assim, caso o MPF do Paraná avaliar que os indícios contra o ex-presidente são suficientes para formalizar denúncia, poderá fazê-lo - e Lula será julgado, na primeira instância, pelo Juiz Sérgio Moro. O mesmo se aplica no caso da Operação Zelotes. Óbvio que nesses casos, a palavra final sobre a denúncia caberá a Rodrigo Janot, como Procurador-Geral da República (e chefe do MPF). Já no caso da investigação paulista, o Procurador Geral da República não tem ingerência alguma: o caso é da alçada do Estado de São Paulo, local onde os possíveis crimes de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro teriam ocorrido. 

Feito as forças aliadas no apagar das luzes do III Reich, as forças da Lei fazem um movimento de pinça, colhendo evidências, depoimentos e provas que embasem um ataque final contra o "bunker" daquele que se proclama "santo", a alma viva "mais honesta do país". Quem chegará primeiro? Os próximos dias dirão. A cada dia, surgem mais evidências de que Lula (e seus filhos) mentiram e seguem mentindo quanto à sua fortuna pessoal e os meios pelos quais ela foi adquirida. Aos blogueiros amestrados, restam tentativas cada vez mais esquálidas de afirmar que não é nada disso, que o sítio de Atibaia é de um amigo (mesmo tendo sido todo reformado a pedido de Lula, conforme a delação de Leo Pinheiro, ex-chefão da OAS), que o triplex nunca foi de Lula e Marisa, que os negócios milionários dos filhos de Lula são verossímeis, e por aí vai.

Dentre as postagens mais patéticas que se vêem por aí, chama a atenção uma, de autoria de Paulo Moreira Leite, com o título auto-explicativo de  "A importância de defender Luiz Inácio Lula da Silva". Estão ali bobagens estúpidas como tentar vincular a Operação Lava-Jato ao surgimento imaginário de um "Estado Policial" que só existe na cabeça do autor, e mentiras descaradas como afirmar que "centenas de milhares de pessoas foram às ruas em 16 de dezembro para denunciar uma tentativa de golpe contra Dilma Rousseff" (esclarecendo: "centenas de milhares", na língua portuguesa escorreita, significa "duas ou mais centenas de milhares", ou, numericamente, um mínimo de 200 mil pessoas. Nem mesmo os petistas mais afoitos se atreveram a alegar que passaram de 100 mil pessoas em todo Brasil que compareceram à manifestação pelega do dia 16 de dezembro). Outra frase tenta culpar a operação Lava-Jato pelas mazelas econômicas brasileiras, causando um "pesadelo social" que dizimou "empregos, salários, crédito e perspectiva".  E emenda: "Mais do que prender políticos e empresários acusados de corrupção, a operação desmontou um modelo que produziu crescimento e distribuição de renda". Sim: vocês leram direito. O "jornalista" escreveu isso. Nós, os brasileiros dotados de córtex cerebral, concordamos com isso - mas só em parte. De fato, o "modelo" vigente antes da Operação Lava-Jato produziu, de fato, crescimento. Os saldos das contas bancárias de gente como Pedro Barusco, Nestor Cerveró e Renato Duque cresceram que foi uma barbaridade. Os petistas de alta patente envolvidos, como José Dirceu e João Vaccari Neto, também não tem do que se queixar. Quanto à distribuição de renda, ora, claro que houve! Do dinheiro a mais que você, brasileiro, pagou em cada litro de gasolina, por causa da ineficiência e roubalheira na Petrobras, uma parte foi "distribuída" para essas pessoas, e para irrigar os cofres do PT, para que esse partido tivesse recursos para se manter no poder e assim garantir a continuidade do "modelo" citado por Moreira Leite.

O jornalista segue com seu rosário de besteirol, citando a criação, na região de São Bernardo, "com o apoio do prefeito Luiz Marinho", de um comitê cuja função principal será a "defesa do Lula". Duas perguntas: Primeiro, como pretendem fazer isso? e segundo, quem vai bancar o comitê? A Prefeitura de São Bernardo? O Sindicato dos Metalúrgicos? Em ambos os casos, me parece ilegal. Não é função de prefeituras bancar comitês de apoio a determinadas pessoas. Nem de Sindicatos. 

Por aí se vê o grau de desespero a que essa gente chegou. Agora dizem que "defender Lula" é sinônimo de "defender a Democracia". Ou seja, quaisquer que sejam os crimes cometidos pelo Apedeuta, ele já está "perdoado" aos olhos dessa gente. "O que é um tríplex no Guarujá e um sítio em Atibaia, para um homem que tirou o Brasil da miséria?" Esse é o pensamento desses gigantes morais. Lula devia ser declarado inimputável. Seria o primeiro dogma da religião petista para o Brasil: "Lula reina acima do bem e do mal. Sendo mais honesto que todos os outros brasileiros, por definição, ele não se sujeita a juízos de simples seres mortais.". Lula, o Ungido. 

Cá entre nós, acho complicado. O caminho mais fácil seria mesmo o Lula fazer uma busca genealógica, e descobrir que na verdade, o Babalorixá de Banânia é ... um índio. Talvez um Kapinawá, etnia que habitava onde hoje é Pernambuco. Sendo índio, Lula passa à jurisdição da Funai, e se torna inimputável - mas não inelegível. Luiz Inácio Lula Kapinawá da Silva. Que tal?

Ou então, uma saída menos glamurosa, mas que já foi sugerida (sério!) por um desses blogueiro chapa-branca, há alguns meses: Dilma deveria nomear Lula ministro de alguma coisa. Qualquer coisa. Talvez o Ministério da Justiça lhe caia bem. De quebra, ele passa a ser chefe daquele japonês irritante, e o PT ainda se livra do Cardozo. Que tal? Ministro, Lula acaba com as pretensões do Dr. Sérgio Moro, ganha status de "foro privilegiado", só pode ser denunciado por Rodrigo Janot em pessoa e a denúncia será acolhida por, digamos, Lewandowski. Ou Barroso. Olha que doçura.

Mas... espera... e a família? Os filhos Fábio e Luiz Claúdio estão encalacrados também! Melhor dar um Ministério para cada um. Lulinha recebe o Ministério das Comunicações, já que ele tem seus contatos na Oi, e Luiz Cláudio o Ministério dos Esportes, que é a área de expertise dele. Não esqueçam da Dona Marisa - libera o Ministério da Defesa pra ela.

Ou esse cargo já está prometido para a Rosemary Noronha?

sábado, 30 de janeiro de 2016

Pinóquio Jr.

Lembram daquela tal consultoria fabulosa (no sentido amplo do termo) que o filho caçula de Lula, o Luiz Claudio, fez para a Marcondes & Mautoni? Acho que já falei dela aqui no blog. O moço, cujo currículo contém apenas esse trabalho (até então exercia a nobre função de auxiliar técnico de times de futebol), recebeu a bagatela de R$ 2,5 milhões do tal escritório de lobby que defendia os interesses da CAOA (representante Hyundai no Brasil), junto ao Ministério de Indústria e Comércio no governo Lula, em busca da renovação de uma Medida Provisória que garantia benefícios fiscais à empresa. Lógico que Lula renovou os benefícios, não é?

Convidado a explicar na Polícia Federal o que fizera para justificar o pagamento tão generoso, o rapaz afirmou que era o pagamento por trabalhos de consultoria (fico impressionado como essa gente presta consultoria a torto e direito!) na área de marketing esportivo. Solicitado a produzir uma cópia de tal trabalho monumental, o caçula de Lula primeiro tergiversou. Enrolou, pediu um prazo, o calhamaço não estava com ele.... e depois de alguns dias entregou os alfarrábios todos. Um trabalho rastaquera, visivelmente montado e compilado às pressas, inclusive com farto material copiado da Wikipedia. Questionado a respeito, defendeu a qualidade da obra, pela qual um escritório de lobby sem qualquer interesse no ramo esportivo, e cujos sócios estão presos acusados de uma série de crimes investigados na Operação Zelotes, pagou módicos dois milhões e quinhentos mil reais.

Bem, até aí morreu o Neves, como se dizia antigamente. Acredita quem quiser. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal parece que não caíram na história. A investigação prossegue.

E hoje, deu na Folha de São Paulo: intimado a entregar o tal relatório em formato digital, o "consultor" alega que "não possui versão digital" do valioso trabalho.

Agora... vem cá. Alguém já ouviu falar de um trabalho de consultoria, por mais chinfrim que seja, digamos, um plano de negócios para um carrinho de cachorro-quente, e que não possui versão em computador? Sem arquivos em Word, planilhas em Excel, uns gráficos em Powerpoint? Zero? Nadica de nádegas? Sem possibilidade de atualização, sem chance de trocar variáveis, de entrar com novos dados?

Isso, como dizia aquele padre que era (ou é) um cético atroz, "non ezizte".

Fico aqui imaginando o trabalhão que deu, em alguma madrugada dessas, procurar coisas no Google, botar na tela, dar print screen, pegar na impressora e grampear, de forma a parecer um "trabalho".

Você, leitor, tem duas opções a fazer. Pode acreditar que o filho do Lula fez esse trabalho e foi pago por ele, tudo nos conformes, ou pode acreditar que ele seja, a exemplo do progenitor, um mentiroso.

Em face do relatado acima, faça a opção lógica.

domingo, 24 de janeiro de 2016



"Quem deixou essa Elba na frente do meu triplex?"


Uma das minhas diversões prediletas, principalmente num domingo carrancudo como hoje, é passear pelos blogs apelidados de "sujos", também conhecidos como a "esgotosfera". Via de regra, são blogs compostos por 90% do mais puro puxasaquismo pró-PT, mais uns 10% de mágoa de "jornalistas" que foram sendo defenestrados, ao longo dos anos, das publicações ditas "de primeira linha" como a Veja, Globo, e outras. Junta-se a vassalagem petista com um recalque contra o ex-patrão, e está feita a receita para um blog no estilo de "Diário do Centro do Mundo" (quanta pretensão!!!) ou Brasil 247. É fácil saber quem são esses blogueiros de nariz marrom: basta ver o grupo de pessoas em volta da mesa à frente da qual Lula concedeu mais uma de suas "entrevistas", esses dias. Eu já tive um maravilhoso cão da raça Cocker Spaniel. Sabe aquele olhar lânguido que o bichinho faz, ao pedir colo ao dono? Pois aquela gente me lembrou disso, vejam só. 

Então, quando quero desopilar o fígado, vou lá num desses blogs ler o que a turma dos blogueiros amestrados anda escrevendo. Leio também os comentários dos leitores, que são humor em estado bruto. De vez em quando comento também, geralmente acerca da qualidade intelectual de uns e outros. É divertido! Como no célebre ditado inglês, "Sticks and stones may break my bones, but words will never harm me" dos tempos pré-bullying no colégio americano, eu me acabo de rir com a profusão de xingamentos toscos que se seguem às minhas intervenções. Uns são realmente patéticos, dignos de encaminhamento psicológico, principalmente quando se metem a juntar palavras e contestar, de forma primária, as minhas ponderações. Outros são mais honestos na sua sabujice mentecapta: mandam logo pra aquele lugar e pronto. Risos à vontade.

Uma das facetas mais interessantes desses blogs sujos, no entanto, é o fato que de certa forma, eles refletem o viés do pensamento das lideranças do PT, naquele momento. Sim, porque é tolice imaginar que um sujeito cuja opinião é "livre como um táxi" vá ter idéias próprias. Não... essa gente segue ordens. O caso do ataque a Eduardo Cunha foi sintomático: quando o presidente da Câmara ainda não havia decidido aceitar o pedido de impeachment da Dilma, os blogs ficaram todos na moita, aguardando ordens. Uns até defendiam o parlamentar, enquanto havia a possibilidade de uma "acordão" para salvar a pele de todo mundo. No exato instante em que Cunha aceitou e encaminhou o pedido, as ordens vieram e os blogs "progressistas" (sigo sem entender esse termo...) caíram de pau em cima do deputado - o que nem acho ruim. Mas acho estranho que eles não façam o mesmo com relação a Renan Calheiros, que tem mais acusações contra ele do que Cunha, e segue queridinho do petismo e de seus bate-paus na esgotosfera. Ou em relação a Collor, já que estamos falando disso. Pensando bem, nem acho estranho. Acho asqueroso, porém esperado, em se tratando de PT. Essa gente desconhece a tal da "vergonha na cara".

O que me leva ao assunto do título. O imbróglio do famoso tríplex da família Silva na praia das Astúrias, no Guarujá, não é novo. Os valores envolvidos na transação, as reformas executadas pela OAS, que assumiu a obra depois da quebra da Bancoop, nada disso é novidade. A negativa peremptória de "São" Lula quanto à propriedade, também não. 

Acontece que o Ministério Público não dorme no ponto, como se diz. As investigações prosseguiram, e segundo o promotor Cassio Conserino, do MP-SP, foi amplamente evidenciado que o apartamento pertence, de fato, a Lula e dona Marisa Letícia. Por mais que o casal alegue que era proprietário de uma "cota" que dava direito a adquirir um imóvel no prédio, e não do tríplex em si, as investigações mostram o contrário. Ninguém vistoria regularmente uma cota. Ninguém escolhe porcelanato do piso de uma cota. Ninguém escolhe armários embutidos de uma cozinha planejada de uma cota. Ninguém recebe as chaves de uma cota. Segundo as investigações, tudo isso foi feito por dona Marisa, escoltada muitas vezes por seu filho Fábio (aquele, do zoológico, lembram?). As evidências são tantas que o promotor adiantou que já possui elementos para abrir um inquérito e denunciar Lula por ocultação de patrimônio.

Pois bem... agora ficou difícil ao ex-presidente seguir negando que seja de fato dono do imóvel. Mas... qual o problema? Ocultar patrimônio é crime? Sim, mormente se esse patrimônio foi adquirido mediante ilícito penal, conforme a Lei 9.613. Mas a simples ocultação de um bem é crime "menor", e vou mais longe: milhões de brasileiros o praticam, a cada vez que "esquecem" de declarar ao Fisco algo que adquiriram durante o ano. Paga-se uma multa e estamos conversados. Lula possui renda mais do que suficiente para justificar a compra do triplex, afinal, como ele mesmo afirmou, é o "conferencista mais bem pago do mundo" (acredite quem quiser...). Mesmo no valor de mercado, cerca de 2,5 milhões de reais, o ex-presidente poderia pagar sem se abalar nem entrar no cheque especial. 

Isso posto, entra o texto do blogueiro Paulo Nogueira, no já mencionado blog "Diário do Centro do Mundo" (risos incontidos), feito hoje, 24 de janeiro de 2016. Nela, o blogueiro chapa-branca muda o tom do discurso. No lugar das veementes negativas quanto à propriedade do imóvel, o moço resolveu entrar na onda do "sou, e daí?". E partiu para esculhambar o apê do chefe. Primeiro, fala abertamente em "triplex do Lula", sem contestar, dessa feita, a propriedade do imóvel. Em seguida, tripudia: "É apenas um apartamento de menos de 300m2, menor do que a sala do Roberto Civita na Editora Abril". Em seguida, resolve atacar de promotor da moralidade pública: "Ocultação de patrimônio foi o que a Abril fez ao vender 30% do controle acionário da editora aos sul-africanos da Nasper". Não acusa diretamente. Não denuncia nada. Mas insinua, algo tão ao gosto da turma goebbeliana do petismo, já constatado em tantas outras ocasiões. Se duvidam, basta ler o livro do Romeu Tuma Junior. A isso se dá o nome de silogismo tosco. Pura cortina de fumaça, para desviar o foco do principal. 

Ora, ilusão imaginar que Paulo Nogueira se atrevesse a admitir que de fato o triplex pertence ao casal Silva, sem o beneplácito do chefe, não é? O que se conclui é que Lula, que possivelmente será denunciado no decorrer da semana que começa, se prepara para o inevitável: confessar que é mesmo o dono do famoso tríplex do Guarujá. O apedeuta talvez julgue que "dos males o menor": admite que comprou, sim, e esqueceu de declarar, até porque a OAS, dona escritural do imóvel, não lhe passara a escritura. Um engano inocente, diria.

Resta saber se Lula pensou bem nas consequências de admitir ser o dono do apêzinho de menos de 300m2. Porque a reforma custou quase um milhão de reais, incluindo aí a instalação de um elevador privativo para os três andares. E quem pagou essa conta? A construtora OAS, talvez a mais encalacrada na operação Lava-Jato. E que reformou também, a pedido de Lula, um sítio em Atibaia, igualmente em nome de terceiros. Vai ficar difícil para o "Santo" manter sua postulação ao lugar do Todo-Poderoso. Já não poderá se gabar de ser a alma viva mais honesta do mundo...

Ou seja... estacionaram uma Fiat Elba, enferrujada, em frente ao suntuoso prédio onde Lula e família iriam passar os feriados. E é possível que outra Elba esteja apodrecendo em frente ao portão do sítio em Atibaia.  Quantas Elbas surgirão, no fim das investigações da Lava-Jato? Só Deus sabe. Deus, o Todo-Poderoso. O Lula, que de todo-poderoso não tem nada, também sabe. Mas não conta. O Ministério Público vai ter que se virar sozinho. Torço por eles.

A pedra cantada


Quem já jogou bingo, numa dessa quermesses da vida, conhece as regras. Um cidadão fica lá girando aquela gaiolinha com as "pedras" ou melhor, as bolinhas com os números. A cada número que sai, ele grita o respectivo, ou "canta a pedra". E o povo vai marcando suas cartelas. Lá pelas tantas, um berra "Bingo!" de algum canto, indicando que há um vencedor. 

Há dias, publicou-se na imprensa, nas redes sociais e nos blogs a serviço do petismo uma tal "Carta Aberta dos Advogados", com virulentas críticas a tudo e todos que tenham alguma relação com a Operação Lava-Jato. A carta, eivada de um besteirol que beira o ridículo, tal como comparar os trabalhos de investigação levados a cabo pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e sob a responsabilidade do Juiz Sérgio Moro, com os Autos da Fé da Inquisição, foi assinada por 104 advogados. Há dúvidas até sobre esse número, uma vez que Gilson Dipp, ex-ministro do STJ e cujo nome consta na carta, afirmou que jamais assinou algo parecido. 

Nem vou me alongar no teor da carta. Outros, como Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, já fizeram isso com maestria, mostrando o absurdo das alegações ali contidas. Outras perguntas se fazem mais importantes, creio. Quem coordenou a elaboração da carta? Quem a redigiu? Existem interesses ali que ultrapassam a boa intenção da preservação dos direitos civis e liberdades democráticas, e adentram o campo do mais reles corporativismo e "jus esperneandi"? Quem pagou a publicação nos principais jornais do país? Essas perguntas ficaram sem resposta - até agora. Mas era possível vislumbrar as feições dos mentores, através da cortina de fumaça que tentaram criar para tornar a carta uma "desinteressada ode ao Estado de Direito" e um libelo contra o rigor "inquisitorial" de Sérgio Moro. Alguns nomes se destacaram na lista dos signatários. O "Kakay" está lá, óbvio. Entre outros advogados dos réus. Hummm... sei não. Isso ficou parecendo uma tentativa de advogados espertos e regiamente pagos, para intimidar o poder judiciário, colocar a opinião pública, hoje totalmente a favor dos trabalhos da força-tarefa e de Moro, contra a Lava-Jato. Não que a Justiça Federal ou o Ministério Público precisem da "chancela" da população. A Justiça deve prosperar independente de opinião pública ou paixões partidárias, respaldada tão-somente na Lei. Mas convenhamos, se Sérgio Moro, os procuradores e policiais federais lá do Paraná não tivessem apoio do povo, teriam chegado onde chegaram? Duvido muito. Suas ações já teriam sido cerceadas por Ministros do STF que parecem advogar mais para o PT do que para a Justiça. Aquelas quatro palavrinhas omitidas do Regimento da Câmara dos Deputados que o digam. A voz das ruas é rouca, muitas vezes difícil de traduzir, mas hoje, soa bem alto o clamor contra a privatização criminosa da Petrobras por um partido político e seus áulicos. Quem terá coragem de encomendar uma pizza nesse cenário? O Brasil está quebrado, o governo tem como único programa de governo se manter no poder, o desemprego explode, a recessão virou depressão, e  aquela gente sai, lépida e faceira, a gastar os bilhões que roubou do contribuinte? Nem a pau, Juvenal.

Essas perguntas citadas acima, referentes à tal "Carta", me vieram à mente logo que ela apareceu na mídia. Qual a origem daquele amontoado de besteiras? A Associação de Juízes Federais não se preocupou com esse detalhe: destruiu a carta na sua essência. Mas a pergunta permanecia: de onde surgiu aquele monstrengo?

Hoje, finalmente, aflorou a verdade. A tal "Carta Aberta" intimidatória foi redigida por obra e graça do escritório de Nabor Bulhões. E quem é Nabor Bulhões? Um dos advogados mais conceituados do país, cujos honorários eu nem me atrevo a adivinhar, e que hoje tem entre seus clientes um certo Marcelo Odebrecht, executivo do grupo Odebrecht, e que está preso em Curitiba por ordem do Juiz Sérgio Moro. Segundo uma dezena de fontes da Folha de São Paulo, subscritores da carta, o advogado teria sido chamado de incompetente pelo patriarca da Odebrecht, Emílio Odebrecht, por não ter conseguido a liberdade de seu cliente junto ao Presidente do STF, Ricardo Lewandowsky (e nesse caso, em se tratando do Ministro Lewandowsky, eu tendo a concordar com o pai do Marcelo...). Marcelo teria se desesperado ao ver frustrada sua esperança de ganhar a liberdade, mesmo pagando uma das bancas de advocacia mais caras do país. Nabor Bulhões então articulou a carta, juntamente com o patriarca da empreiteira.

Questionado a respeito, Nabor Bulhões afirma que assinou a carta "como profissional do Direito, não como advogado do Marcelo". Como se fosse factível separar as duas coisas, não é?

Eu não tenho nada contra o "jus esperneandi". É parte da estratégia de defesa, do arsenal de recursos que todo advogado possui e que pode usar. Afinal, até hoje os advogados de José Dirceu, esse ser mais enrolado do que novelo de lã atacado por uma centena de gatos, alega que seu cliente é "preso político". Todo preso trancafiado numa penitenciária desse Brasil se dirá "injustiçado" - e essa opinião será respaldada por seu advogado. É algo normal e esperado.

Mas uma Carta Aberta, comparando os procedimentos da Operação Lava-Jato com as prisões da Ditadura? Comparar Sérgio Moro a Torquemada? E escrever isso, como se fosse um manifesto "dos advogados brasileiros"?  Tenha Santa paciência, doutor. Assuma que é berreiro de advogado inconformado, que a gente entende como tal. Mas não me venha falar como se representasse uma categoria, quando na verdade o senhor representa o seu cliente. Somente ele.

E nessa hora, eu grito BINGO! Porque essa "pedra" eu cantei, desde o início.