sábado, 22 de setembro de 2012

O "Golpe"


Parece que a palavra "golpe", que já batia ponto rotineiramente nas páginas das revistas semanais pagas para endeusar o governo, e seus blogs correlatos, virou moda, depois das revelações da revista Veja desta semana, em que o criminoso (agora já é, foi condenado pelo STF, falta só fixar quanto tempo passará na cadeia) Marcos Valério, de forma indireta, resolveu "abrir o bico" e entregar aquele que, no íntimo, todo mundo sabe que estava metido até os bigodes no mar de lama que recebeu o nome pomposo de "Mensalão". Ele era, afinal de contas, o grande beneficiário do esquema, pois através da propina, garantia um apoio digno de rolo compressor no seu governo. Não é preciso ser Sherlock Holmes para deduzir que sendo o maior favorecido, sabia do esquema e o aprovava, dentro daquela visão muito particular que os petistas tem sobre ética e dignidade, quando estão no poder. É elementar, meu caro leitor. Lula sabia de tudo, mas, como é seu hábito, deixou seus comparsas arderem sozinhos no mármore do inferno, fez cara de surpreso, de "traído", e foi à TV se declarar mortalmente ofendido com a existência do esquema - que, repita-se, foi montado exclusivamente para beneficiá-lo. Ah, esses amigos... tão solícitos! Será que existe alguém ingênuo o bastante para crer que um grupo de amigos comete uma série de crimes para ajudar outro amigo, e este nem fica sabendo da tramoia? Será que Lula acreditou que os votos de cabresto que obteve nas votações da Câmara eram fruto de mero "convencimento dialético" realizado pelo seu chefe da Casa Civil junto aos congressistas? Nem a Velhinha de Taubaté acreditaria nisso. Agora, com a perspectiva de passar anos numa penitenciária, um dos cúmplices resolveu que é uma injustiça ele, arraia miúda,  ficar numa cela, enquanto o peixe graúdo fuma charutos cubanos e ganha títulos de "Doutor Honoris Causa" por aí. Falou aquilo que todo mundo já imaginava.

Os petistas ficaram bravos feito marimbondos de casa derrubada. Saíram por aí a berrar que isso é uma tentativa de desmoralizar "o melhor presidente que o Brasil já teve" (cada um crê no que quiser, é um país livre - ainda). Acionaram revistas e blogs acostumados com a cangalha, como CartaCapital, Brasil247 e outras, para denunciar o "GOLPE" engendrado pela "direita reacionária". A palavra "golpe" ficou mais popular aqui do que no Paraguai, onde, por sinal, também não houve. Entre seus supostos articuladores estão os partidos de oposição (logo ela, a oposição mais banana de que se tem notícia da história da República, até o velho MDB criado pelos militares era mais combativo do que esse PSDB engravatado aí), a eterna "Imprensa Golpista" e, pasmem, a instância maior da Justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal, que agora estaria a soldo dos interesses golpistas. Para qualquer pessoa com QI acima de dois dígitos, é fácil ver onde reside a verdade. Mas o Brasil, pelo visto, não tem superávit de inteligência, e a massa de manobra de sempre compra as palavras dos Rui Falcão da vida como se fossem as Santas Escrituras.

Uma curiosidade: a exemplo de outras ocasiões, em que foi acusado de algum ato digamos, "pouco ético", o ex-presidente Lula não veio a publico diretamente, para desmentir, esbravejar, se declarar ofendido com as invenções daqueles que o acusam. Assim foi no caso do encontro com Gilmar Mendes, e agora a história se repete. Será que alguém adivinha o motivo? A "raposa velha" pode estar perdendo sua habilidade na escolha de candidatos preferenciais, com mostram as campanhas destinadas ao fracasso de seus apaniguados em Recife, Belo Horizonte e São Paulo, mas ele sabe muito bem que "macaco velho não enfia a mão em cumbuca". Vai que aparece uma gravação, e desmente seu desmentido? Então ele fala por interlocutores de confiança, que sempre poderão ser rifados caso a verdade não consiga ser escamoteada.

Mas, hoje quero falar de "GOLPE".


Antes de mais nada, é bom definir o termo:

Golpes.m. Ato ou efeito de golpear.

Choque que resulta do movimento com que um corpo atinge outro: "o golpe levou-o ao chão."


Notem que esta é apenas uma das múltiplas definições do termo, existentes nos dicionários. Se estreitarmos um pouco mais, entraremos na definição de "Golpe de Estado", que é a acepção que se quer dar atualmente. Vejamos:

Segundo o site Significados.com, um Golpe de Estado é o seguinte:

"Golpe de Estado é derrubar ilegalmente um governo constitucionalmente legítimo. Os golpes de estado podem ser violentos ou não, e podem corresponder aos interesses da maioria ou de uma minoria, embora este tipo de ações normalmente só triunfam quando tem apoio popular.
O golpe de estado pode consistir simplesmente na aprovação por parte de um órgão de soberania de um diploma que revogue a constituição e que confira todo o podes do estado e uma só pessoa ou organização, ou também um golpe militar, em que unidades das forças armadas ou de um exército popular conquistam alguns lugares estratégicos do poder político para assim forçar a rendição do governo. Para ser considerado golpe de Estado, não necessariamente o governante que assumiu o poder pela força tem de ser militar, como aconteceu no Brasil.
Tem este nome de golpe, porque se caracteriza por uma ruptura institucional repentina, contrariando a normalidade da lei e da ordem e submetendo o controle do Estado a pessoas que não haviam sido legalmente designadas, seja através de eleição, hereditariedade ou outro processo de transição.  No modelo mais comum de golpes, as forças rebeladas cercam ou tomam de assalto a sede do governo, muitas vezes expulsando, prendendo ou até mesmo executando os membros do governo deposto."
Bem, eu li essa definição umas quatro vezes, e ainda não consegui ver onde ela poderia se aplicar ao caso da denúncia formulada pela revista Veja contra o ex-presidente Lula. A não ser que se remova do seu título atual o prefixo "EX". Se Lula segue Presidente, num estranhíssimo e ilegal terceiro mandato (que, pelo andar da carruagem, vai virar quarto, quinto, sexto... e por aí vai), aí sim, a tentativa de um grupo político minoritário, desarmado (ou melhor, armado apenas com a verdade) poderia, em tese, ser vista como uma tentativa de "golpe". Mas, se Lula ainda é Presidente, o que faz a Dilma lá? Ela é ou não é governANTA? Se Lula é o chefe, então qual o epíteto que caberia à Dilma? Eu tenho uma, no caso do Imperador de Garanhuns seguir no posto:
Títeres.m. Boneco que se move por cordéis e engonços, imitando gestos humanos. (Sin.: bonifrate, fantoche e marionete.) Palhaço, bufão. Fig. Indivíduo que se deixa levar facilmente por outrem, que só age por inspiração ou a mando de outrem.
Mas eu não creio que esse seja o caso. Lula é EX, e estamos conversados. E, nesse caso, o termo "golpe de estado" simplesmente não tem qualquer aplicação no caso, em que ele está sendo vinculado a uma série de crimes cometidos por seus assessores diretos. Para quem tem idade e memória, nunca é demais recordar o acontecido com o então Presidente Nixon, apeado do governo americano por saber e compactuar com ações criminosas de seu grupo político. Que, por sinal, não fariam nem cócegas no governo brasileiro de hoje em dia. Espionar adversários já faz parte da "legalidade" brasileira faz é tempo.
De fato, eu até posso aceitar que esteja acontecendo um "golpe" contra Lula, mas de acordo com aquela definição que coloquei lá em cima: "Choque que resulta do movimento com que um corpo atinge outro: "o golpe levou-o ao chão."  Ah, sem dúvida a verdade é um golpe fortíssimo contra os pseudo-democratas. E pode muito bem levá-los ao chão. Ou pelo menos tirar deles o brilho de falso diamante de "melhor presidente" que tentam vender aos tolos.
"Golpe" uma ova!