domingo, 23 de setembro de 2012

Contagem regressiva 


Curioso como notícias que deveriam merecer a atenção do mundo perdem sua importância nos jornais, ganhando não mais do que algumas poucas linhas em meio a notícias consideradas mais "quentes", tais como a corrida presidencial e a continuada recessão nos EUA, a crise do Euro, a quebradeira grega e, no Brasil, o julgamento do Mensalão, entre outros assuntos.

As notícias acerca da ameaça, cada vez mais substancial, de um ataque israelense às instalações nucleares do Irã, que deveriam estar ocupando as manchetes, até por seu grau de letalidade potencial, ganham tímidos cantos ou quintas páginas dos jornais. Parece que o mundo relegou os seguidos avisos do Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao ocaso reservado aos bufões que não cumprem suas ameaças. De fato, há diversos dirigentes mundiais cujas ameaças são como lufadas de ar quente - aquecem o ambiente porém não incendeiam coisa alguma. Menos mal, porque se bufões como Kim Jong-Un e Hugo Chávez levassem a termo suas fanfarronices, o mundo estaria em maus lençóis.

Mas com os israelenses a história é bem diferente. Quem subestima a real intenção de Israel de impedir, por quaisquer meios ao seu alcance, que algum país islâmico que preconiza a extinção do estado judeu possa desenvolver armas nucleares, comete um grave erro de avaliação. O Primeiro-Ministro israelense tem dado reiterados avisos de que seu país não tolerará a posse de bombas nucleares por parte dos aiatolás. Benjamin Netayahu tem feito uma cruzada incansável neste sentido, deixando claro à ONU e aos Estados Unidos, que simples restrições de ordem econômica não surtirão efeito para coibir a corrida nuclear do Irã. A cada dia que passa, o Irã segue solenemente se lixando para as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Hoje mesmo acusou o diretor-geral do órgão de estar mancomunado com Israel, e assim a AIEA não poderia ser, na visão dos iranianos, um agente imparcial de fiscalização. O que os iranianos querem, com essa enrolação? É fácil adivinhar: impedir, por qualquer meio, inclusive a difamação, que ocorram as inspeções. Se seu programa é para fins pacíficos e energéticos (não me perguntem o porque de um país com imensas reservas de petróleo estar colocando a energia nuclear como prioridade), nada mais natural que eles queiram mais é que as inspeções ocorram, permitindo que o mundo se tranquilize, e acabem as sanções econômicas. Se não permitem, algo de podre há.

O grande fiador da paz mundial, os Estados Unidos, não parecem dispostos a agir de forma mais incisiva na questão nuclear iraniana. A meu ver, faz bem. Uma das boas decisões de Barack Obama, em que pesem as outras decisões, de modo geral equivocadas, foi de restringir pesadamente a ação americana de "polícia do mundo". Não há mais ameaça comunista, o terror islâmico é derrotado a cada dia, portanto, vale algo que escrevi num post há alguns meses: "Yankees, stay home!" Chega de jovens americanos morrendo numa terra estranha, por conta de um conflito que nada tem a ver com eles. Se os povos subdesenvolvidos querem matar-se uns aos outros, be my guest. O episódio do conflito americano na Somália em 1993 produziu heróis, mas aqueles vinte rangers mortos morreram, afinal, por nada. Chega de heróis mortos. Os possíveis e futuros artefatos nucleares nas mãos dos aiatolás não possuem foguetes que possam alcançar os Estados Unidos. Claro que sempre é uma ameaça, mas os EUA estão trabalhando com o mal menor, que é a tentativa, que considero infrutífera, de dissuadir o Irã de ter uma bomba nuclear, por meio de pressão econômica e política.  A meu ver, isso nem é resultado de desconhecimento de como funciona  a cabeça de um Khamenei ou de um Ahmadinejad (que os americanos conhecem muito bem), mas uma simples opção pela inércia, evitando o agravamento do sentimento antiamericano no mundo islâmico.

Mas com Israel a história é diferente. Israel fica ao alcance dos mísseis iranianos. E basta ler as declarações reiteradas dos líderes islâmicos para saber qual o destino do Estado judeu, caso países como Irã obtenham meios de aniquilá-los.  Israel não permitirá isso, e a proximidade de uma ação efetiva e armada contra essa ameaça está na relação direta com os informes que o serviço secreto israelense fornece ao seu governo, dando conta da evolução do programa nuclear iraniano. Alguém duvida que Israel atacará o Irã, caso se convença que é a única forma de impedir a obtenção de urânio enriquecido a 90% pelos aiatolás? Só um tolo! Israel já deu provas de que não brinca em serviço quando o assunto é ameaça real e imediata. Em duas oportunidades, o país deu provas de que não blefa com essas coisas. Em 1981, atacou e destruiu as instalações nucleares iraquianas, e, mais recentemente, em 2007, arrasou a usina nuclear da Síria em Al-Kibar. A Síria não deu um pio, e o assunto foi esquecido. Os líderes mundiais fariam bem em relembrar esses dois casos, e deles extrair lições valiosas. Israel vai agir contra as instalações nucleares do Irã - é só questão de tempo.

E o que acontecerá depois? 

Haverá guerra, novamente. Se o Irã terá apoio de outros países islâmicos, tais como Síria, Egito e que tais, não se sabe. De modo geral, os países de influência islâmica estão às voltas com seus próprios problemas internos, e não verão com bons olhos uma união com os xiítas iranianos num conflito aberto com um potência nuclear regional (sim, Israel tem vasto arsenal nuclear, e caso se sinta gravemente ameaçado, não titubeará em usá-lo). O mais provável é uma guerra localizada entre o Irã e as forças de Israel, acompanhado de intensificação de ações de terror islâmico ao redor do mundo. O desfecho dessa guerra é incerto, mas creio que Israel prevalecerá, com suas forças armadas num nível tecnológico vastamente superior ao dos iranianos. Será uma carnificina, e o grande impacto será na economia mundial, já fragilizada.

Que o mundo não subestime as palavras de Benjamin Netayahu.  O relógio está ticando, e a contagem regressiva está em marcha. Escrevam aí.

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