segunda-feira, 11 de abril de 2016

Por que eu ainda sou mais Aécio?


Estava abastecendo o carro esses dias, quando um cidadão veio puxar conversa, interessado em saber detalhes do meu carro, um respeitável Toyota com quase vinte anos de idade. Elogiou o carro, mas quis fazer uma graça: "o carrinho está bonito, mas esse adesivo aí atrás estraga tudo...". Ele se referia ao desbotadíssimo adesivo "Aécio 45" que trago colado no para-choque traseiro desde a eleição de 2014. Imaginei logo tratar-se de um petista, e não dei atenção (alguém mui sabiamente afirmou que discutir com petista é como jogar xadrez com pombo: ele vai fazer cocô no tabuleiro, derrubar as peças, estufar o peito e sair cantando vitória). De modo geral eu evito conversar com essa gente, que meu tempo não é tão farto assim, nem minha paciência. Mas ele insistiu: "Olha que eu não sou petista, mas o Aécio, hein? Que decepção!" Eu tenho uma certa ojeriza de gente que fala "Olha que não sou petista, MAS...".  Parece uma espécie de petista subliminar, nesses tempos em que ser petista traz consigo a obrigação de defender o indefensável. Não dei conversa. Terminei de encher o tanque, paguei e fui embora.

Uma vez em casa, a conversa me veio à mente. Por quê Aécio? E, mais importante, por quê NÃO Aécio? Mudou alguma coisa, desde 2014, quando acompanhei o mineiro na TV, na entrevista à Roda Viva, nos debates da campanha, durante os quais ele me passara tal impressão de solidez de princípios, aliada a um profundo conhecimento dos problemas do Brasil e cujas soluções me pareceram tão lógicas e racionais? 

Ah, sim... tem o "Petrolão", não é? Como os blogs sujos a soldo do PT não cansam de alardear, Aécio foi "citado" em várias delações premiadas, como sendo um dos destinatários das propinas pagas pelas empreiteiras. Para os petistas, as delações não tem credibilidade alguma, exceto quando servem a seus propósitos. Mas não vou ficar aqui refletindo em cima daquilo que o PT e seus áulicos pensam. É perda de tempo. O que me interessa não é o que a turma do Rui Falcão pensa, e sim o que EU penso. Afinal, essas "denúncias" fazem sentido? Aécio pegou dinheiro sujo de empreiteiras e de estatais? É apenas mais um dentre tantos políticos sujos desse Brasil?

Só há uma forma de saber, e tirar conclusões. Pesquisando os FATOS, de cada alegação, cada delação, e tentar usar a lógica para separar o joio do trigo. A verdade da mentira. Não sou dono da verdade, nem me iludo em achar que minhas conclusões sejam incontestáveis. Pode ser que algum dia surjam evidências irrefutáveis de que Aécio Neves seja um corrupto, um mentiroso e tudo aquilo que lhe imputam os mecanismos de assassinato de reputações manuseados pelo petismo. Pode ser. Mas HOJE, eu quero analisar cada denúncia à luz fria da razão e da lógica. e formar a MINHA convicção. Com base em fatos. 

O Senador Aécio Neves foi citado em quatro delações premiadas, de agentes envolvidos no escândalo do Petrolão. Vou abordar cada uma delas, e dali extrair o meu juízo de valor. É o meu tribunal particular, e nele as firulas e chicanas jurídicas não entram. Valem os fatos e a lógica.

1) Um dos primeiros réus da Operação Lava-Jato, Alberto Yousseff, declarou em delação premiada, que "ouviu dizer" através do deputado José Janene (PP), hoje falecido, que Aécio Neves teria recebido propina por intermédio de sua irmã, de uma empresa contratada de Furnas S.A. (uma estatal do setor de energia elétrica), entre 1994 e 2001. Há gravação desse depoimento no Youtube, o que desmonta as afirmações mentirosas da blogosfera comandada pelo PT, que tenta vender a versão segundo a qual o Yousseff teria acusado Aécio de receber propina. Ele afirma, ipsis litteris, que "ouviu dizer". O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, a quem se pode acusar de muita coisa menos de ser tucano, deu parecer recomendando o arquivamento desse trecho da delação, por absoluta falta de indícios consistentes. O relator da Lava-Jato no STF, Teori Zavascki, outro que não guarda qualquer apreço especial por tucanos, arquivou o inquérito. Ponto.

2) Um segundo delator da Lava-Jato, o "entregador de dinheiro" Carlos Alberto da Souza Rocha, vulgo "Ceará". afirmou em delação premiada que, em 2013, ao entregar 300 mil reais enviados por Yousseff à empresa UTC Engenharia, teria conversado com um diretor da empresa de nome "Miranda", que lhe dissera que o dinheiro seria "para o Aécio". Segundo o delator, ele teria estranhado o fato da UTC pagar propina para um político do PSDB, já que o partido não tinha nenhuma influência na Petrobras. Ainda segundo ele, o Miranda lhe disse que a UTC dava dinheiro "para todo mundo, situação e oposição". Interrogado a respeito, Yousseff afirmou categoricamente que nunca mandou entregar dinheiro para Aécio Neves, e que o diretor da UTC mencionado não teria como afirmar isso, uma vez que ele não sabia para quem seriam os valores recebidos.  Ouvido, o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, confirmou que nunca houve entrega de dinheiro de propina para o tucano. Note-se que o citado delator também afirmou que entregou dinheiro para o ex-governador de MG Antonio Anastasia (PSDB) e até para um dos mais combativos políticos brasileiros, o Senador Randolfo Rodrigues (Rede-AP) que, a exemplo dos demais, também não tinha nenhuma influência na Petrobras. A Polícia Federal investigou a denúncia envolvendo Anastasia, e comprovou ser caluniosa. Novamente, o Ministério Público Federal, por total falta de quaisquer indícios concretos, pediu o arquivamento, a Teori atendeu o pedido em março de 2015. Ponto.

3) Mais um delator da Lava-Jato, o lobista Fernando de Moura, muito ligado a José Dirceu, citou o Senador Aécio Neves. Segundo Moura, ele ouviu de José Dirceu que Aécio comandaria uma diretoria na estatal Furnas, através de um apadrinhado seu, Dimas Toledo, então Diretor. Que os valores arrecadados por Toledo seriam divididos em três partes, sendo um terço para Aécio, um terço para o PT nacional e um terço para o PT de São Paulo. Disse mais: que Toledo teria sido mantida à frente da Diretoria de Furnas, por Lula, que "atendeu um pedido pessoal de Aécio". 

Esse depoimento de Fernando de Moura é curioso. Ele prestou três depoimentos à Polícia Federal. No primeiro, não citou Aécio Neves. Mas fez pesadas acusações contra José Dirceu. No segundo, retratou-se das acusações contra José Dirceu, mas seguiu sem mencionar Aécio Neves. E no terceiro, voltou a acusar José Dirceu, mas incluiu Aécio. Confrontado com as versões conflitantes, o depoente disse que se sentiu ameaçado, tendo sido abordado por um estranho na rua, alegação que foi desmontada pela PF após conferir gravações de video do local. Há outras incongruências. Alguém, em sã consciência, consegue imaginar Aécio Neves, líder da oposição que fora derrotado por Lula em 2002, pedindo para o recém-empossado Presidente, para manter um apadrinhado seu no cargo, para garantir uma fatia de propina? Alguém consegue imaginar o recém-empossado Presidente Lula concordando com esse esquema? Para favorecer um opositor? Mais: alguém, dotado de mais de um neurônio, consegue imaginar o PT não usando esse trunfo, na eleição de 2014, quando havia real risco de Aécio vencer? Note que essa "denúncia" nada mais é senão uma versão da primeira, ligada a Furnas, que roda por aí desde que a tal "Lista de Furnas" surgiu das mãos de um notório falsificador e estelionatário, há mais de dez anos. Atualmente, o Ministério Público analisa se cancela o benefício da delação premiada do Fernando de Moura, pelas mentiras e inconsistências gritantes ali contidas. Lula, por outro lado, poderia contribuir para o esclarecimento da questão, confirmando ou negando que Aécio tenha mesmo lhe pedido para manter um esquema corrupto a seu favor em Furnas. Se confirmar, Lula, é claro, assinará uma confissão explícita de que sabia do esquema criminoso em Furnas, e mais, que compactuou com o rateio do roubo, sendo 2/3 para o seu partido. Duvido que o fará - embora os blogs sujos façam a festa com a suposta denúncia, naquilo que atinge o Aécio Neves. A meu ver, a citação não vale uma nota de três reais. Ponto.

4) Na sua delação premiada, o Senador Delcídio do Amaral voltou a sacudir os ossos da tal "Lista de Furnas", ao afirmar que "ouvira dizer" que havia um esquema de propina em Furnas. Questionado sobre quem teria recebido valores de Furnas, Delcídio afirmou textualmente que "não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos, e que um dos beneficiários sem dúvida foi Aécio Neves". Delcídio não soube dizer valores. Delcídio não soube dizer como foi feito o pagamento. Quem pagou (porque é irreal imaginar que um diretor passe no caixa de uma estatal gigantesca e mande sacar alguns milhões em espécie, não é? Para isso usam-se operadores, tipo Alberto Yousseff. Que já negou que tenha pago qualquer valor a Aécio. Quem pagou, então?)? De onde veio o dinheiro? A propina foi paga em troca de quais contratos, e por quais empreiteiros ou fornecedores? Delcídio não soube dizer nada disso. Em outras palavras, é pura fofoca, "ouvi dizer", e sempre ligada à tal "Lista de Furnas". Que, por sinal, Delcídio também acusa de ser falsa. Onde está a verdade? Ponto final.

É claro que toda denúncia precisa ser investigada. Fosse eu o Aécio, enviaria ofício a Rodrigo Janot, PEDINDO para ser investigado. Porque a investigação, ao mesmo tempo que tem o poder de condenar, também confere atestado de idoneidade àqueles que isenta de acusação. 

De minha parte, dentro da minha inteligência e do fundo do coração, creio firmemente que há um processo de assassinato de reputação em curso, nos moldes daquele esquema usual do PT, de denúncias vazias e dossiês fabricados por aloprados, tantas vezes empregado no passado. Aécio representa a única ameaça real ao projeto de hegemonia dessa organização criminosa chamada PT, que fincou suas garras no Estado brasileiro, e o sangra dia a dia. Torna-se, assim, o alvo preferencial de suas armações. E essas denúncias tem jeito, cara e cheiro de armação.

Segundo a última pesquisa DataFolha, Aécio despencou de 27% para 17% nas intenções de votos dos brasileiros. Certamente boa parte dessa queda é fruto desse trabalho de desconstrução caluniosa movida pelas franjas do petismo. Lula lidera com 23%, e Marina vem a seguir com 19%. Se esses números representam fielmente a vontade dos brasileiros, Aécio ficaria fora do segundo turno, se a eleição fosse hoje. Teríamos a indigesta tarefa de escolher entre Lula, cujos atributos cabem melhor num prontuário policial do que num currículo, e Marina, a dissimulada política que se diz anti-política, e que espera que o Brasil lhe caia no colo justamente por isso. O fato de Lula ter 23% das intenções de voto já me soa algo totalmente alienígena. Depois de tudo, depois de tantas mentiras, tantas demonstrações de absoluto desprezo às regras mais comezinhas de ética, um em cada quatro brasileiros ainda querem ser governados por essa pessoa? O Brasil no fundo do poço, que foi cavado por ele, e o pessoal quer mais disso? Me poupe. Por outro lado, Marina. O que nos espera com a Marina presidente? Ela terá o estofo para enfrentar o desafio de tirar o Brasil do fosso em que o PT nos meteu? 

Meus caros... o adesivo segue lá. Chega de tanta mediocridade, tanta sacanagem. O Brasil precisa de um governo de verdade, sério, honesto e sobretudo competente. A meu ver, Aécio ainda representa o que eu quero para meu país. E enquanto não me provarem o contrário, o adesivo AÉCIO 45 seguirá no meu carro.  









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