sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A virgem vestal


Há dias, Lula concedeu uma "entrevista". Coloco o termo entre aspas, para diferenciar daquilo que eu e 99% da população mundial entendemos por entrevista - sem aspas. No meu entender, quando uma personalidade pública concede uma entrevista, ele o faz de uma de duas maneiras: ou senta numa poltrona e responde às perguntas de um entrevistador, ou se posta à frente de um auditório repleto de gente e responde às perguntas da turma. Há exceções, lógico. Nicholás Maduro, Fidel Castro, Kim Jong-Un e outros gigantes da democracia não costumam agir desse modo "padrão". Eles preferem outro tipo de "entrevista" - agora com aspas - durante a qual respondem perguntas previamente combinadas, para "entrevistadores" igualmente escolhidos a dedo. O porquê de procederem dessa forma não é difícil de imaginar. Certas perguntas possuem mais poder explosivo do que as supostas bombas de hidrogênio norte-coreanas, não é? Há dois anos que jornalistas buscam perguntar a Lula qual era (ou é) a relação dele com uma certa Rosemary Noronha. E emendando, se ele sabe quem sustenta a moça e lhe paga os advogados, e porquê. Mas essas perguntas não "agregam valor ao camarote" na visão do apedeuta. Ele prefere perguntas mais ao estilo vôleibol: alguém levanta a bola para ele cortar. Jornalistas que honram o nome da profissão costumam não se prestar para essas coisas. E, afinal, se Lula não consegue andar pelas ruas sem levar sonora vaia, por que ele aceitaria algo pior que apupos: perguntas para os quais o famoso bordão lulista "eu não sabia de nada" fica muito difícil de emplacar?

Então o Babalorixá de Banânia copiou o estilo de seus mentores morais no que tange à democracia, e deu uma entrevista para um grupo de blogueiros que se autodenominam "progressistas". Em tempo: nunca entendi bem esse termo, quando aplicado a adeptos de uma ideologia velha como a fome, mofada, liberticida e sobretudo inepta na solução dos problemas de um país. Mas vá lá: eles se acham "progressistas" num narcisismo ideológico tacanho. Muito bem. Os ditos "progressistas" são os mesmos de sempre. Habitam sites como "Brasil247" e outros, onde destilam suas opiniões tão próprias de quem possui nariz marrom e quatro patas no chão. Nenhum deles, por óbvio, perguntaria sobre Rosemary Noronha. Um deles, por sinal, escreveu sobre o encontro, e defendeu a esdrúxula tese de que "entrevista boa é aquela em que o entrevistador fala, não onde os entrevistadores perguntam". Por aí já se detecta a grandeza moral dessa gente, não é?

Como seria de se esperar, Lula não se fez de rogado: reclamou. Reclamou muito. Se disse perseguido por todos, pela mídia (que ele chama de "monopolista" mesmo em plena era de internet e redes sociais, na qual qualquer um publica tudo que lhe der na veneta, e até o governo comanda uma rede de televisão - se ninguém assiste, o problema não é nosso...), pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, pela Justiça... ou seja, Lula é perseguido até pelo entregador de pizza, na visão dele. Todos os órgãos de Estado que cuidam do cumprimento das Leis o perseguem, por algum motivo. E todos, sem exceção, estão errados. Porque o homem soltou essa:

"Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da Igreja Evangélica. Pode ter igual, mas mais do que eu, duvido.” 

Bem... depois dessa, eu pego meu chapéu e vou pra casa. Porque Lula deixou claro que seu lugar não é em Brasília, esse antro de pixulecos e conchavos na calada da noite. Seu lugar é no Vaticano, na cadeira de São Pedro. Porque nem mesmo o atual Papa, Francisco, ousaria afirmar isso. Afinal, ele pode ter surrupiado uma bala num supermercado, na sua infância argentina. Já Lula, jamais. Ele é simplesmente o ser humano mais honesto que existe. A canonização é pouco. Talvez almeje o lugar Dele. Ou do Filho Dele. 

Eu confesso que sempre tive pé atrás com esse tipo de afirmação. O destino costuma ser ingrato com quem afirma isso. Sabe aquela pessoa que vive trombeteando aos quatro ventos a sua felicidade e fidelidade conjugal? Quanta gente já caiu nessa e amanheceu traído? O honesto dispensa se afirmar dessa forma. Prefere os atos. E deixa que os outros avaliem sua honestidade - ou a falta dela. Não sei se Lula é honesto ou não. Nunca vou saber se surrupiou uma bala no supermercado. Mas a Justiça do meu país vai, no seu devido tempo, mostrar se o que ele afirma é verdade ou não. Como dizem: nada como um dia após o outro. Mas posso pensar alto. E nesse pensamento, posso inferir que um homem que foge até das perguntas de jornalistas não cooptados, e que ao mesmo tempo se jacta de ser o homem mais honesto a habitar o planeta, ou é um mentiroso tosco, ou tem um sério problema psiquiátrico.

Ah, e por favor, nào me processe, Lula. Ser doente mental não é crime. É provável que eu esteja até te ajudando. Não sei se existe alguma síndrome de virgem vestal. Talvez você seja o primeiro. 

Quanto à Rosemary Noronha, as perguntas permanecem. Caso Lula seja candidato em 2018, quem sabe seus adversários possam, enfim, fazer-lhe essa e outras perguntas? 



2 comentários:

Anônimo disse...

Boa Roland,talvez a desonestidade esteja em Cayman, Suiça e seja la onde esteja do dinheiro deste fdp (nosso)

Joenil Varuzza disse...

Somos todos impuros e desonestos, mas o Lula não ele era pobre e ficou rico em velocidade recorde e honestamente.