quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eleições

Esse ano eu não vou votar. Meu título é de Petrópolis, e estou morando em Guararema, SP, desde julho. Uma pena, eu gostaria muito de ir dar dar meu votinho para alguém em quem confiasse para governar minha cidade. Ahhh... menos, vai.... Para dizer a verdade, eu teria muita dificuldade para escolher candidatos, lá em Petrópolis. Para prefeito, não gosto de nenhum dos postulantes ao cargo. É tudo gente que já mandou em Petrópolis antes e, pra ser bem sincero, a cidade não melhorou em nada desde que eu mudei para lá, em 1988. Pelo contrário, só piorou.  Para vereador a situação é ainda pior: não conheço nenhum candidato. E não voto em quem desconheço totalmente. Portanto, minha ausência às urnas nesse domingo, não fará tanta falta assim.

Gostaria mesmo é de votar em São Paulo. Lá tem um candidato a prefeito cujas obras eu conheço. Sei bem o calvário que era trafegar pela marginal do Tietê, antes das obras que desafogaram aquela via, feitas por Gilberto Kassab em parceria com José Serra, um na prefeitura, outro no governo. Para vereador, a escolha natural é Andrea Matarazzo, um sujeito que tem as idéias para melhorar a cidade, a escolaridade para saber o que dá e o que não dá para fazer, a vontade de implementar os projetos viáveis, e sobretudo a honestidade para brigar por elas sem se corromper. Feliz de ti, São Paulo, que ainda tem gente competente disputando essa eleição.

No caso do Serra, ocorre um fenômeno curioso. Em 2010, há meros 24 meses, ele bateu a Dilma, na cidade de São Paulo. O eleitor paulistano e paulista o conhece. Sabe de sua competência e dedicação. Já o teve como prefeito e governador, sempre muito bem avaliado.  E agora, os institutos dizem que 44% dos paulistanos o rejeitam. O que mudou de 2010 para hoje? A rigor, nada. Então qual o defeito do Serra? O mal do Serra é ser feio de doer. Essa sua semelhança com o nefasto Sr. Burns, dos Simpsons, é terrível. Serra é careca, tem olheiras. Não é simpático, por mais que tente. Numa comparação visual com os demais concorrentes, perde feio. 

Mas... espera aí.  Quem disse que eu quero um prefeito bonito? Um prefeito com ares de galã vai governar melhor do que o feio? Que diabos uma coisa tem a ver com a outra? E essa coisa de simpatia, então.... eu tenho minhas reservas quanto a políticos muito simpáticos, cheios de blá-blá-blá, que passam a adorar crianças catarrentas e mendigos repugnantes, da noite para o dia. Me passa um quê de falsidade total. Serão simpáticos assim, quando tiverem que demolir favelas, desalojar invasores e, sobretudo, dizer NÃO aos pleitos mais absurdos que lhe chegarem ao gabinete? Duvido muito.  Serra pelo menos é autêntico. Um sujeito feio, carrancudo... mas que faz e acontece quando o assunto é governar.  E tem mais. Serra tem longa militância política. Já governou, já teve o poder. Pelo que sei, mora na mesmíssima casa do Alto de Pinheiros, onde vive há décadas. Tem denúncias contra Serra? Não vejo nenhuma que mereça crédito. Ou alguém vai querer me convencer que o cartapácio de boçalidades escrito por Amaury Ribeiro conta como "denúncia"? Se contasse, onde anda o Ministério Público que nada faz, face acusações tão graves? No meu entender, o que existe contra José Serra é uma trama bem urdida nos porões do petismo torpe, para desconstruir a imagem de um homem público contra o qual não há uma acusação formal sequer. Essa rejeição de 44% contra o Serra não é fruto de seus governos, ou de denúncias de corrupção. É pura manobra de massa, uma "onda" artificial criada para acabar como ele, politicamente, e permitir a ascensão política do "poste" escolhido por Lula para impor o petismo em São Paulo, e assim minar o principal foco de resistência ao petismo no Brasil. 

O que Lula, Rui Falcão e outros "falcões" do petismo não tiveram a inteligência para saber, é que o paulistano é o eleitor mais escolado do país. E esse eleitor, embora possa nutrir certa simpatia quase imorredoura pelo PT, num índice de cerca de um terço do eleitorado, detesta receber um candidato goela abaixo. Fosse a Marta Suplicy a candidata do PT, eu diria que ela já estaria na liderança da disputa, com seus 30% das preferências. Se levaria no segundo turno, é outra história. O paulistano não sente muita saudade de Marta, com suas taxas disso e daquilo, e seus contratos marotos com concessionárias de serviços públicos. Mas teria chance.  Por outro lado, esse Haddad, fala sério! Será que o PT não tinha um nome melhorzinho, não? Aquela coisa do Enem, o tal kit-gay (cujo dinheiro foi para o ralo)... e sobretudo, aquele apoio indecente do vilão-mor da política paulista, Paulo Maluf... O Haddad vai ter que suar muito para ganhar 10-15% do eleitorado, até domingo, e levar a coisa para o segundo turno. Acho que não leva. Mas isso é palpite, claro.

E o Russomanno?  Confesso que nunca gostei do cara, desde a época de "xerife da defesa do consumidor" na TV. Aliás, gente de TV deveria ficar longe de política. Porque a força da TV sobre a massa é muito grande, e povão adora votar numa "celebridade". Vejam aí os casos de Tiririca e outros que tais. Ah, mas ele tem direito...  Que seja. Isso o torna mais palatável? A meu ver, não. A história nos fala muito da personalidade das pessoas, e o passado do Russomanno, francamente, não é dos melhores. Tem muita coisa sendo divulgada, e ele não tem conseguido convencer ninguém de que seja invenção dos adversários. Um sujeito que larga a esposa moribunda num hospital, e vai buscar uma câmera para fazer jornalismo de denúncia (infundada, como a Justiça provou depois), olha.... eu não votaria num sujeito desses nem para zelador de zoológico. Principalmente para zelador de zoológico, diga-se de passagem. Sabem como é, vai que resolve vender uma empresa, fica rico... não. Celso Russomano, ainda mais com o suporte da Igreja Universal, nem a pau, Juvenal.  Acho que o paulistano vai percebendo isso, e aquele furor pro-Russomanno que ameaçou jogar São Paulo nas mãos desse midiático vai perdendo força dia após dia. Ele deve emplacar um segundo turno, porque as eleições estão logo aí, mas não creio que tenha cacife para segurar seus percentuais favoráveis até o fim do mês. E aí, esses 44% de "rejeição" a Serra (caso o tucano consiga estabilizar a vantagem que possui sobre Haddad) podem muito bem significar 56% de "aceitação", e São Paulo seguirá em boas mãos.

A conferir.

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